A casca de camarão é um subproduto da indústria pesqueira que praticamente não é aproveitado no Brasil, embora possa ser aproveitado para a extração da quitina e produção de quitosana, um biopolímero com ampla aplicação na área biomédica. No entanto, as etapas de extração química da quitina revelam-se prejudiciais para o meio ambiente. Neste sentindo a presente pesquisa estudou um processo fermentativo, utilizando a levedura Saccharomyces cerevisiae, com variação da concentração de substrato, por vias aeróbias e anaeróbias, a fim de determinar o método mais eficaz na bioconversão desses resíduos alimentares em produtos de alto valor. A casca foi caracterizada quanto ao tamanho de partículas pela técnica de microscopia ótica e quanto aos minerais pela técnica de cinzas. A fermentação ocorreu em frascos de erlenmeyer contendo o meio inoculado juntamente com o substrato escolhido, no qual todo o processo foi mantido sob agitação de 120 rpm, a 35 °C, por 96 horas. Foi determinada, neste trabalho, a composição da casca do camarão Litopenaeus vannamei que é de 55,3 % de carga mineral, sendo cerca de 60 % de carbonato de cálcio, o teor de proteínas é de 24,3 % e de 20,45 % de quitina. A levedura Saccharomyces cerevisiae foi eficiente na fermentação dos resíduos de camarão, resultando na preservação de 3 % de quitina. A fermentação aeróbia foi mais eficiente, com cerca de 25 % e 11 %, respectivamente, nas etapas de desproteinização e desmineralização, em relação à fermentação anaeróbia no processo de extração de quitina. A quantidade de 5 g de substrato na fermentação aeróbia foi a mais representativa, removendo cerca de 74 % de minerais e 42 % de proteínas. A quitosana produzida por via fermentativa apresentou grau de desacetilação de 77 % e coloração mais adequada às especificações de quitosana para dispositivos médicos. A quitina e quitosana obtidas apresentam pureza semelhante às obtidas por extração química, o que indica a eficiência da metodologia desenvolvida neste trabalho.