Isso pode ser facilmente demonstrado pela estreita correlação entre o número de novos casos diagnosticados e a incidência de morte pela doença por ano nas várias regiões do mundo 1 . Felizmente no Brasil essa doença não figura entre as mais prevalentes causas de câncer, sendo responsável apenas por 4% das mortes por neoplasia maligna em nosso país 15 . A despeito disso os esforços se concentram para que a cura, possível em minoria dos pacientes, e a melhoria da qualidade de vida, naqueles com doença avançada localmente ou metastática, seja oferecida aos pacientes nos quais o diagnóstico de AP é feito.Admite-se que a única alternativa para a sua cura seja o tratamento cirúrgico. Ainda assim, apenas poucos pacientes submetidos à pancreatectomia sobrevivem mais que cinco anos. Mesmo naqueles pacientes com tumores pequenos, submetidos à ressecção com margens negativas e com gânglios livres de tumor a taxa de sobrevida em cinco anos alcança apenas 41% 5 . Para a maioria dos pacientes, no entanto, a cura não pode ser oferecida. Quando analisado a totalidade dos pacientes, apenas em 15-20% dos casos a ressecção é possível em virtude de doença avançada localmente ou pela presença de metástase à distância. Nesses casos é esperada sobrevida média de aproximadamente seis meses 33 .Em virtude dessa realidade, o cirurgião tem papel central na abordagem do AP sendo seus objetivos: 1) promover a ressecção cirúrgica com margens livres e 2) proporcionar um mínimo possível de morbidade e mortalidade com o tratamento. Acrescenta-se a isso a participação no processo decisório quanto à melhor paliação possível a ser aplicada aos pacientes que pode ser realizada de forma cirúrgica ou endoscópica.Frente à possibilidade do diagnóstico e tratamento alguns aspectos persistem controversos enquanto outros estão mais bem definidos. Esta revisão aborda o estado cialmente curativo. Na grande maioria dos pacientes o tumor é diagnosticado em fase avançada, comumente na presença de doença metastática. A introdução de modernos métodos diagnósticos associados ao aperfeiçoamento dos já existentes tem gerado controvérsia quanto à melhor maneira de se estabelecer o diagnóstico e estadiamento do tumor. Da mesma forma, o papel da cirurgia na paliação e aspectos técnicos da ressecção de lesões localizadas estão longe de alcançarem consenso na prática. Método -Revisão da literatura sobre os aspectos controversos relacionados ao tema e um algoritmo para a abordagem dos pacientes com suspeita de tumor de pâncreas são apresentados. Foram utilizados os descritores: "adenocarcinoma" e "pâncreas" para pesquisa no PubMed (www.pubmed.com) e na Bireme (www.bireme.br) e a seguir selecionadas as publicações pertinentes a cada tópico escolhido com atenção especial para metanálises, estudos clínicos controlados, revisões sitemáticas e ainda publicações de grandes centros especializados em doenças pancreáticas. Conclusões -Na suspeita de adenocarcinoma de pâncreas é possível realizar estadiamento muito próximo do real sem a necessidade da exploração cirúrgica sistemát...