ResumoA partir de 2005, quando o governo israelense retirou seus colonos e militares da Faixa de Gaza, o território palestino foi cada vez mais isolado e cercado e seus habitantes submetidos a punições coletivas e a morte violenta. A política securitária de Israel em relação à Faixa, adotada oficialmente para coibir o terrorismo palestino, tem culminado em um longo sofrimento para a população local como um todo, que vê suas condições de vida se deteriorarem com uma privação generalizada de serviços e bens básicos. Destituindo-se do discurso oficial simplificador da guerra contra o terror, nesse contexto no qual a violência foi ainda mais banalizada, busca-se analisar a pertinência de considerar Gaza pelos conceitos que pensam a política na modernidade, como imunitas, campo e homo sacer. O artigo apresenta sucintamente esses conceitos verificando, com base em testemunhos e relatórios de organizações não governamentais, sua contribuição à compreensão do caso específico. O oficial superior ex-Hagana Yisca Shadmi foi considerado culpado de assassinar dois prisioneiros palestinos. Ele é um nome familiar na história dos palestinos em Israel: em outubro de 1956 Shadmi foi um dos principais perpetradores do massacre de Kfar Qassim, no qual quarenta e nove palestinos perderam suas vidas. Ele escapou da punição por ter parte no massacre, e prosseguiu até se tornar um alto oficial no aparato de governo que controlava a relação do Estado com sua minoria palestina. Ele foi absolvido, eventualmente, em 1958. Seu caso revela duas características do tratamento israelense em relação aos cidadãos palestinos que continua até os dias de hoje: a primeira é que as pessoas indiciadas por crimes contra os árabes estão aptas a permanecerem em posições nas quais continuam a afetar
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