Tabagismo, Hipertensão Arterial Sistêmica e Pandemia da COVID-19: uma Análise Psicanalítica Freudiana

Abstract

Objetivou-se refletir sobre tabagismo, suas justificativas e principais influências sobre a saúde de hipertensos da Atenção Básica numa perspectiva psicanalítica. Investigação descritiva, do tipo transversal, com análise reflexiva estruturada na Teoria Psicanalítica de Freud, realizada numa Unidade Básica de Saúde em Minas Gerais, Brasil, com 40 participantes hipertensos. Coletaram-se dados de caracterização, perfil de carga tabágica e foram realizadas entrevistas individuais gravadas. Tratamento de dados com análise de conteúdo foi feito com apoio em softwares SPSS versão 24 e NVivo Pro11. Atenderam-se todos os aspectos ético-legais de pesquisa. Do total de participantes 40% eram tabagistas/ex-tabagistas, emergiram duas categorias discursivas: 1) A cultura do tabaco em busca de prazer, satisfação e alívio das tensões; 2) A cessação de fumar e a (des)construção da realidade cotidiana do EU em favor da saúde. Os participantes são conscientes dos malefícios que o tabagismo traz a sua saúde e qualidade de vida, bem como do aumento de suas vulnerabilidades a se contaminarem pelo coronavírus.

Hábitos alimentares e suas influências sobre a saúde de hipertensos

“…Os participantes foram caracterizados, sociodemograficamente, segundo sua predominância em: mulheres 21 (52,5%); com idade média de 62,53 anos (variabilidade de 18 a 90); cor de pele autodeclarada branca 21 (52%); estado civil casados 34 (85%) e tinham em média dois filhos (variabilidade 0 a 6). Nesse interim, observou-se que a HAS foi mais presente no sexo feminino e que se autodeclararam brancas, sendo resultados similares aos encontrados por outras investigações 2,5,9,13 .…”

“…A educação voltada à saúde deve levar informações sobre as comorbidades, além de estimular reflexões sobre o estilo de vida e saúde, assim como das ações de (auto)cuidado, sendo uma importante estratégia para possibilitar a aquisição, pela díade paciente/familiar, de conhecimentos e informações relevantes à QV e saúde cardiovascular. Isto contribui para melhorias sobre os determinantes de saúde e controle de vulnerabilidades, possibilitando uma mudança consciente do estilo de vida, a exemplo, da adoção de hábitos alimentares saudáveis, prática de atividade física, controle dos estressores, abstenção de uso de drogas (i)lícitas, como o tabagismo e o etilismo, e adesão à terapêutica implementada pelos profissionais e serviços da saúde de referência [2][3][4][5][6]25 .…”

“…Salienta-se que existem inúmeros fatores capazes de influenciar o (des)controle pressórico, a exemplo dos determinantes psicológicos, socioeconômicos e do (des)uso inadequado e/ou exacerbado da farmacoterapia prescrita, além do uso concomitante de drogas (i)lícitas 3,[5][6] . Em geral, os fatores de risco para HAS são subdivididos em dois grupos: 1).…”

Efeitos de um programa de reabilitação sobre capacidade física de pacientes pós-infecção por SARS-CoV-2:

“…Considera-se grupo de risco pessoas idosas, hipertensas, cardiopatas, diabéticas, com doenças respiratórias crônicas e com doenças imunodepressoras, entre outros, ou seja, grupo de pessoas que podem estar suscetíveis à evolução de um mau prognóstico (4). Um estudo mostra que portadores de hipertensão, que fazem uso de anti-hipertensivos que têm em sua composição inibidores da enzima de conversão da angiotensina e, também, bloqueadores de receptores da angiotensina, apresentam piora no quadro da infecção por COVID-19, o que dificulta a recuperação, pois fazem com que enzimas especificas abram portas de acesso para COVID-19 (5).…”

Correlação entre pandemias: Tabagismo e a COVID-19

“…A pandemia da COVID-19 também tornou obrigatório o distanciamento social, fazendo com que muitas famílias passem mais tempo dentro de suas casas. Assim, as pessoas que não fumam, mas convivem com fumantes, tornam-se mais vulneráveis a exposição excessiva à fumaça e às substâncias tóxicas contidas no tabaco e consequentemente a gravidade da infecção pela COVID-19 (INCA, 2020; Melo et al, 2020). Dessa forma, o tabagismo e a COVID-19 são duas pandemias associadas.…”