ResumoNeste ensaio, avalio os vinte anos de repercussão do livro A Ferro e Fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira, do historiador brasilianista Warren Dean, na geografia brasileira. Constato que, ao contrá-rio do que aconteceu entre os historiadores, o livro não provocou acalorado debate entre os geógrafos, sobretudo entre os geógrafos humanos. Dentre as razões para isso destaco (1) o número relativamente pequeno de geógrafos históricos, (2) a grande influência de Milton Santos e sua teoria 'desnaturalizadora' do ambiente e (3) o apego dos geógrafos a certos conceitos, sobretudo o de espaço. Houve algum engajamento por parte de geógrafos físicos (lato sensu) e geógrafos humanos menos ortodoxos. Em colaboração com os historiadores, esses pesquisadores testaram, questionaram e aprofundaram algumas das afirmações de Dean, como a homogeneidade vegetacional da Mata Atlântica e o papel das formigas cortadeiras na agricultura colonial. Por fim, sugiro cinco temas trabalhados por Dean que poderiam ser mais explorados pelos geógrafos brasileiros.
Palavras-chave: Warren Dean;A Ferro e Fogo; história ambiental; geografia brasileira.
AbstractIn this essay, I evaluate the twenty-year impact of the book With Broadax and Firebrand: the destruction of the Brazilian Atlantic Forest, by the Brazilianist historian Warren Dean, on Brazilian geography. I note that, contrary to what happened among historians, the book did not spark such a heated debate among geographers, especially human geographers. Among the reasons for this are (1) the relatively low number of historical geographers, (2) the large influence of Milton Santos and his theory of a 'denaturalized' environment and (3) the attachment by geographers to certain concepts, space above all. There was some engagement with the book by physical geographers (lato sensu) and less orthodox human geographers. In collaboration with historians, these scholars tested, questioned and deepened some of Dean's claims, such as the vegetation homogeneity of the Atlantic Forest and the role of leaf-cutting ants in colonial agriculture. Finally, I suggest five themes partly developed by Dean that could be better explored by Brazilian geographers.