ResumoA revisão da literatura sobre a avaliação em educação evidencia uma significativa alteração concetual, traduzida numa sistemática apreciação do mérito e do valor dos objetos avaliados, a incluir professores, projetos, currículos, programas, materiais, ensino ou políticas, com vista a uma melhoria sustentada de todos os dispositivos, nomeadamente, os relativos às aprendizagens dos alunos. A avaliação das aprendizagens deve ser integrada no processo de ensino e estar ao serviço da aprendizagem. Este artigo apresenta os resultados de um estudo, em que se identificam as perspetivas de professores e de alunos do 3º ciclo do ensino básico sobre o ensino e a avaliação das aprendizagens.Os resultados mostram que os alunos evidenciam perspetivas muito positivas sobre o ensino e a avaliação de que são objeto e que os professores são capazes de construir dinâmicas contextualizadas, valorizando a avaliação formativa. Estes resultados questionam as atuais políticas educativas, orientadas para a performatividade e competividade, suportadas num currículo nacional enroupado em metas de aprendizagem, em que a avaliação surge ligada aos padrões de desempenho, presentes nos referentes internacionais e nacionais sobre o domínio das qualificações.Palavras-chave: avaliação, autoavaliação, ensino, aprendizagem Introdução O conceito de avaliação tem sofrido várias alterações ao longo dos tempos. Essa evolução está relacionada, entre outros, com os contextos históricos e sociais, os propósitos que se pretendem alcançar e, ainda, com as convicções filosóficas daqueles que a desenvolvem e concretizam. Guba e Lincoln (1989) sustentam que a avaliação e as práticas de avaliação sofreram, desde o final do séc. XIX até aos nossos dias, uma evolução, sinalizando quatro gerações: na primeira geração, avaliar e medir são sinónimos. O pensamento era de que testes bem elaborados permitiam medir com rigor (precisão e isenção) as aprendizagens dos alunos. A verdadeira racionalização da avaliação, como prática específica, surge a partir de meados do século XIX, essencialmente, em virtude de um interesse crescente pela medida (pelo seu rigor e procedimentos); do aumento da complexidade dos sistemas educativos, acarretando novas exigências de seleção e orientação, ou organização no sistema escolar; e da tendência geral para normalizar o comportamento humano em diversos campos em que a atividade se regista.Na segunda geração, a avaliação está centrada nos objetivos e é "uma comparação entre os objetivos que constituem o sistema de referência e o estado do aluno na consecução desses objectivos" (Pinto & Santos, 2006, p. 21). A avaliação adquire um sistema de referência criterial, em que os critérios previamente definidos vão permitir verificar o cumprimento, ou não, dos objetivos. Na terceira geração, o ato de avaliar integra o ato de julgar (Hadji, 1994), isto é, o objetivo da avaliação é fornecer um juízo sobre o "mérito ou valor" daquilo que é avaliado. Scriven (1967) refere a possibilidade de a avaliação assumir funções diversas, de aperfeiçoam...