A ética é matéria de reflexão da filosofia medieval, embora sem a centralidade tida pela especulação metafísica e análise lógica (Williams, 2018). Sem considerar o pensamento islâmico e judaico medieval, a ética cristã revela um conjunto de tópicos transversais (felicidade, amizade, liberdade, retidão) a vários domínios do saber (jurídico/lei, o econômico/lucro, religioso/pecado/salvação/graça). Os objetivos do texto visam, por um lado, mostrar que a ética, de matriz estoica e patrística, se inscreve no pensamento medieval como retidão de vida e, por outro, registar a sua presença na fase incoativa da universidade. A metodologia é de natureza analítica devido ao tipo de incursão que se faz nos textos. Os resultados expectados são de duas ordens: suprir o preconceito anti medieval e colocar a ética no roteiro de futuras leituras e investigações. O presente texto questiona o reducionismo retro projetivo que substitui a diversidade do pensamento ético medieval por um modelo ético único. A partir deste pressuposto questiona-se o uso singular do termo ‘ética’. Deve-se falar de ‘ética’ medieval ou de ‘éticas’ no período medieval? A resposta à pergunta descreve um ziguezague entre um e outro termo, consoante os autores evocados, os acontecimentos e os rumos de formação do mundo europeu.