Em Terreiros sob ataque? A governança criminal em nome de Deus e as disputas do domínio armado no Rio de Janeiro analisamos as violências cometidas por grupos armados contra religiosos de matriz africana na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). A partir de um levantamento realizado na mídia, percebeu-se que, em menos de 15 anos, esses conflitos deixaram de ser um problema das relações de proximidade e passaram a envolver confrontos pela hegemonia armada sobre espaços populares, controlados por traficantes e/ou milicianos, que se apresentam como membros de igrejas pentecostais. Evidencia-se que a governança criminal operada pelos "traficrentes" e "milicrentes" misturam imperativos comerciais, teológicos e doutrinários com um projeto político de nação que impacta diretamente os modos de vida das populações, em especial os afrorreligiosos.In this article we analyze acts of violence inflicted by armed groups on members of Afro-Brazilian religions in the Metropolitan Area of Rio de Janeiro. Based on a media content survey, it was found that in less than 15 years these conflicts ceased to derive from proximity relations and evolved to confrontations over armed hegemony of popular spaces, controlled by drug traffickers and/or militia, who present themselves as members of Pentecostal churches. The criminal governance operated by "traficrentes" and "milicrentes" combines commercial, theological, and doctrinal imperatives with a political project of nation that directly impacts peoples' ways of life, especially the followers of Afro-Brazilian religions. Palavras-chave: domínio armado, governo autônomo criminoso, violência religiosa, perfil evangélico-pentecostal, afrorreligiosos