O presente artigo é um fragmento de uma das seções da tese (título; suprimido para não identificar o autor) defendida na Universidade (suprimido para não identificar autor) para a ascensão de Professor Titular, e tem por objetivo apresentar a dança de matriz africana como prática medial na minha formação humana e estética, na perspectiva da escrita de si. A partir do diálogo com os autores Halbwachs (1999), Josso (2012), Alheit (2011), Delory-Momberger (2014), Eakin (2019), De Oliveira (2021), as minhas memórias gravadas e transcritas em janeiro de 2019, as quais constituem a estrutura narrativa deste artigo, se entrecruzam com as fotografias a partir de temas como: preconceito e racismo, interpretação de ancestrais divinizados, processo de criação e reprodução coreográfica (espetáculos), relações com pessoas e grupos artísticos; entre outros, de apresentações em teatros e programas de televisão, de turnês e lugares por onde passei no meu processo de formação. Dessa maneira, a automedialidade encontrada na dança afrodescendente, em longo prazo, causou em mim um profundo sentimento de pertencimento; causou algo como o ‘nó górdio’ apresentado por Josso (2021) ao falar das relações de parentesco, e me sinto devedor e tributário para com todos os entes que de alguma maneira contribuíram para que essa estética chegasse ao maior número possível de espectadores.