O setor público, afetado pelas transições do mundo do trabalho e dos modelos de sociedade, também passou por transformações. No caso brasileiro, observa-se uma série de reformas para modernizar a administração pública a partir da década de 1990. Os processos de subjetivação dos trabalhadores também foram impactados e, a partir do contexto em que é desempenhado, podem-se identificar diversos sentidos atribuídos ao trabalho. Por isso, o presente estudo tem por objetivo analisar os sentidos do trabalho para servidores públicos de diferentes gerações de técnico-administrativos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Para isso, foram realizadas 25 entrevistas com servidores técnico-administrativos das duas gerações identificadas na pesquisa, que foram analisadas através da técnica de análise de conteúdo. A pesquisa identifica que os sentidos atribuídos ao trabalho pelos servidores das diferentes gerações apresentam similaridades e diferenças. Para ambas o trabalho é definido como execução de tarefas com finalidade e recompensa e com importantes funções para o bem-estar dos indivíduos. No entanto, os servidores da Geração 1 atribuem uma centralidade maior ao trabalho, dotando-o de uma forte dimensão subjetiva e de um conteúdo vital para sua construção identitária, enquanto que a Geração 2 atribui uma menor centralidade ao trabalho, com preponderância das dimensões objetiva e material e menor engajamento subjetivo. A tensão entre as duas gerações de pesquisa prejudica o processo de sucessão geracional e ressalta a importância da análise dos sentidos do trabalho nessa perspectiva.