The transnational organization of workers makes use of different institutional configurations and modes of action. This text analyzes one of these forms of organization: European Works Councils (EWCs). These structures reveal how information and consultation processes in EU-scale enterprises can enhance transnational labor participation. Based on the sectoral impact of the EWCs in Portugal, this text emphasizes two dimensions of analysis: on the one hand, a formal and quantitative dimension associated with a content analysis of EWCs agreements involving workers' representatives in the metallurgical, chemical and financial sectors. On the other hand, a qualitative dimension resulting from interviews with workers' representatives in EWCs seeking to show good practices associated with their operation. In this case, the EWC of Volkswagen Group deserves special attention. It is argued that effective labor transnationalization will always have to promote a trade-off between handling persistent obstacles and maximizing emerging good practices. In this sense, even being a reality, whose path is already made, the EWCs proceed in building, as heretofore (and perhaps even more so in the context of economic crisis), a more cohesive transnational labor identity. Introdução ualquer análise que incida sobre a relevância sociopolí-tica do sindicalismo não deixará de considerar, porventura como critério prioritário, a questão da representatividade sindical (medida através da sindicalização). E, mesmo admitindo que o cenário internacional está longe de ser uniforme, esse critério nem sempre é usado pelos melhores motivos, pois é recorrentemente apresentado como expressão da crise do sindicalismo. Mas de par com a (quebra da) sindicalização, a questão da autonomia sindical, a relação do sindicalismo com organizações não sindicais, ou os seus apelos internacionalistas são outros desafios que a abordagem do fenómeno sindical suscita (Estanque; Costa; Silva, 2015).Neste texto concede-se prioridade ao "desafio transnacional". Como é sabido, não se trata de um desafio novo, pois o apelo internacionalista, conjuntamente com a busca de emancipação e homogeneização laboral, esteve na génese do sindicalismo (Hyman, 1999, p. 95; Costa, 2008, p. 42-43). Porém, foi o capital o que melhor se globalizou de modo a superar as "variedades de capitalismo" (Hall; Soskice, 2001), ao passo que o trabalho lidou de forma menos audaz com as "variedades de sindicalismo" (Frege;Kelly, 2004; Hyman, 2013, p. 6-27). Assim, enquanto categoria analítica, o trabalho, fruto das mutações e metamorfoses (Antunes, 2013; Estanque; Costa, 2012) nos espaços nacionais, sentiu maiores dificuldades em congregar esforços no plano transnacional, pelo que é lícito afirmar que o sindicalismo transnacional se configurou como "metáfora adiada" (Costa, 2008).Essa secundarização da escala transnacional não deve, todavia, ser vista como uma fatalidade, mas antes como um caminho a desbravar. Aliás, convém ter presente que a organização transnacional de trabalhadores é pro...