Os autores, usando a técnica de Castañeda, realizaram um inquérito sorológico sobre a brucelose no Estado de São Paulo. Examinaram o soro de doentes: 1.°) com diagnóstico clínico de brucelose (170); 2.°) de doentes com diagnóstico clínico de moléstia infecciosa, excluída a brucelose (1825); 3.°) soros de indivíduos supostos normais para diagnóstico de lues ou de doadores de sangue (11.152); 4.°) soro de operários de matadouro (30). A incidência de reações positivas a título <100 entre os indivíduos com suspeita clínica de brucelose (3,53%) e do grupo suposto normal (0,036), dispensa tratamento estatístico, mostrando, ao mesmo tempo, que, com a técnica empregada, excepcionalmente, serão obtidas reações positivas em indivíduos normais. A incidência de reações positivas, entre o grupo de indivíduos com suspeita clínica de brucelose e os de doenças febris diversamente diagnosticadas, é altamente significativa (x = 9,335 P = 0,0022), mostrando um nítido paralelismo entre o diagnóstico clínico e a soro-aglutinação. As reações em título <100 sugerem que sejam resultantes de infecções por brucela, uma vez que ocorreram em muito maior número no grupo com suspeita clínica da doença. Se não fosse essa a causa, seria de se esperar que ocorressem numa mesma proporção nos diferentes grupos de indivíduos. A igualdade das proporções observadas nos grupos de indivíduos "normais" e de portadores de doenças febris diversas faz crer que as aglutinações em título baixo não resultam de reação anamnésica. Apesar do número reduzido de observações dos trabalhadores em matadouro, nossos resultados são semelhantes aos assinalados por outros autores nacionais, não havendo diferença estatisticamente significativa. O fato de o grupo vacum apresentar alto índice de infecção brucélica ativa, principal fonte de contágio para o homem, sendo baixo o índice da doença humana, pode ser explicado por serem os animais infetados pela variedade B. abortus de baixa patogenicidade para o homem. Todos os casos publicados em São Paulo em que a moléstia foi comprovada pela hemocultura tinham como agente etiológico a B. suis estando a doença quase sempre ligada à moléstia profissional. Talvez a pasteurização do leite ou sua fervura, hábito normal da população, represente um papel importante na prevenção da moléstia.