Introdução: a cirurgia bariátrica destaca-se como o método mais eficaz no tratamento da obesidade em longo prazo, acarretando remissão significativa das enfermidades associadas ao excesso de peso. Ocorre que os resultados da cirurgia nem sempre são duradouros. Estima-se que 20% a 30% das pessoas que são submetidas ao procedimento bariátrico irão apresentar reganho de peso passados os dois primeiros anos. Objetivo: compreender a experiência de reganho de peso para as pessoas que foram submetidas à cirurgia bariátrica. Método: pesquisa qualitativa de abordagem fenomenológica, realizada em um hospital público de São Paulo. A Amostra foi composta de 17 participantes que apresentaram reganho de peso após a cirurgia bariátrica. Para obtenção dos dados, utilizou-se a entrevista aberta com as seguintes questões norteadoras: Como é para você se perceber ganhando peso novamente? O que você acredita que esteja contribuindo para o seu ganho de peso? Como você lida com o reganho de peso? Como você se vê daqui a alguns anos em relação ao seu peso corporal? A organização e a análise dos depoimentos foram realizadas seguindo os passos preconizados por estudiosos da fenomenologia social de Alfred Schütz. Resultados: o típico da ação vivida pela pessoa que apresenta recidiva de peso após a cirurgia bariátrica mostrou-se como aquela que: atribui o reganho de peso à instabilidade emocional, que a leva a dificuldades no controle do comportamento alimentar; afirma que o estresse, a ansiedade e a solidão contribuem para o reganho de peso; associa a recidiva de peso a alterações anatômicas relacionadas à cirurgia; expressa sentimentos como derrota, culpa e tristeza; refere consequências físicas, psíquicas e sociais advindas da recuperação de peso, medo de engordar demais e ficar sem saída; relata consumo excessivo de álcool; tem como expectativa controlar o peso com vistas a impactar positivamente sua qualidade de vida, para tanto, necessita suporte multidisciplinar para as questões físicas e emocionais envolvidas no reganho de peso; almeja se submeter a uma nova cirurgia bariátrica e a cirurgia plástica para melhorar a autoestima. Conclusões: os achados ilustram o quanto o fenômeno reganho de peso é complexo em seus aspectos biopsicoemocionais e necessita uma escuta individualizada e qualificada, acolhendo as questões subjetivas vividas por aqueles que foram submetidos à cirurgia bariátrica e estão passando pela situação de recuperação de peso. Acredita-se que a discussão proporcionada por esta investigação reforce a necessidade de as equipes de saúde investirem nos encontros com o paciente bariátrico, pautados na relação intersubjetiva que respeite e considere o outro, compartilhando decisões e contribuindo para que os pacientes se tornem ativos na produção de sua saúde e corresponsáveis pelo êxito no alcance e manutenção do peso desejado. PALAVRAS-CHAVE: Cirurgia bariátrica. Reganho de peso. Obesidade. Período pósoperatório. Equipe multidisciplinar. Pesquisa qualitativa.