Nesta dissertação, investigo orações de gerúndio (OG) em português brasileiro, orações não-finitas em que o verbo está no gerúndio. OGs podem ocorrer numa série de ambientes sintáticos diferentes. Elas podem ser argumentais ou não. Quando argumentais, elas podem ser selecionadas por diferentes predicados, tanto como sujeito quanto como complemento. Quando elas são não-argumentais, as OGs podem ser adjuntos tanto de elementos nominais como verbais. Quando elas são adjuntos verbais, elas podem se adjungir a diferentes porções da estrutura. Não obstante essa diversidade, tento analisar as OGs de maneira unificada. A proposta centraĺ e que existem três classes de OG, sendo que elas diferem na composição estrutural. De um lado, haveria a estrutura mais simples de OG, um AspP. Proponho que AspP seja nucleado pelo morfema de gerúndio, {−ndo}, já que esse morfema parece contribuir com aspecto progressivo para o significado da oração. De outro lado, a estrutura mais complexa de OGé CP, que domina TP, que, por sua vez, domina o AspP mínimo. Entre esses dois extremos, haveria OGs que projetam não apenas AspP, mas também TP, mas sem projetar CP. As OGs mais complexas serão denominadas classe 1, as OGs intermediárias, classe 2 e as OGs de estrutura mínima, classe 3. Todas as OGs vão ser submetidas a essa classificação tripartite. Ela vai permitir que se capture o comportamento individual de cada subtipo de OG e, ao mesmo tempo, o modo como as três classes propostas se agrupam em relação a uma série de propriedades sintáticas. Entre essas propriedades, há as que analiso como sendo dependentes de TP, a saber, licenciamento de advérbio e de negação sentenciais. OGs de classe 1 de classe 2 apresentam o mesmo comportamento em relação a essas propriedades, o queé capturado pela presença de TP na estrutura das duas. OGs de classe 3 se distinguem delas em relação a essas propriedade, o queé capturado pela ausência de TP na sua estrutura. O outro grande grupo de propriedades considerado são as que atreloà noção de fase. Proponho que esse conceito exerce um papel unificador e simplificador na sintaxe. Mais precisamente, proponho que tanto operações como relações sintáticas são definidas em termos de fase. Assim, os domínios sintáticos em que ocorrem fenômenos sintáticos tão diversos como valoração de traços, ligação e alçamento de quantificador são todos uma fase. Quanto a essas propriedades, são as OGs de classe 2 e de classe 3 que se agrupam, vi para a exclusão da classe 1. Isso acontece porque a projeção mais alta das OGs de classe 2 e de classe 3 (AspP e TP, respectivamente) nãoé uma fase, enquanto a projeção mais alta de OGs de classe 1 (CP)é uma fase. Tento derivar as propriedades do comportamento individual de cada OG e o modo como as três classes propostas se organizam entre si da computação sintática delas. Para isso, delineio um sistema computacional que pretendo que seja geral, com base em hipóteses minimalistas sobre a faculdade da linguagem. A partir desse sistema geral, derivo ainda propriedades de controle (ou ausência ...