RESUMOO papel da vitamina D nativa na fisiologia do tecido ósseo é evidente não só como um nutriente essencial capaz de prevenir e tratar o raquitismo mas também como regulador da homeostase do cálcio, fosfato e do metabolismo ósseo. Um amplo espectro de ações biológicas tem sido descrito, incluindo efeitos sobre os sistemas cardiovascular, nervoso central e imune, na diferenciação e crescimento celular, bem como no controle de outros sistemas hormonais. Evidências epidemiológicas associaram estados de déficit de vitamina D com doenças como câncer, diabetes mellitus, hipertensão arterial, doenças autoimunes, infecções e aumento da mortalidade. O conjunto dessas informações levou à medicalização da vitamina D, acarretando seu uso em diversas doenças, e até mesmo em situações clínicas questionáveis. No entanto, os resultados de estudos clínicos apontam para resultados divergentes, colocando em questão o uso indiscriminado da vitamina D. Este artigo apresenta uma revisão sobre a vitamina D e relaciona algumas das principais evidências científicas sobre os reais benefícios de sua suplementação em seres humanos em diversas condições. Palavras-chave: vitamina D; deficiência de vitamina D; estudo clínico.
ABSTRACTThe role of native vitamin D in the bone tissue physiology is clear not only as an essential nutrient able to treat and prevent rickets but also as a regulator of calcium and phosphate homeostasis, as of bone metabolism. A wide spectrum of biological activities has been described, including effects on cardiovascular, central nervous, and immunological systems,
INTRODUÇÃOA identificação e a compreensão das funções clássicas da vitamina D ocorreram no início do século XX, quase três séculos após a primeira descrição do raquitismo. Nas dé-cadas seguintes, tornou-se evidente o papel da vitamina D na fisiologia do tecido ósseo não só como um nutriente essencial capaz de prevenir e tratar o raquitismo mas também como regulador da homeostase do cálcio (Ca), fosfato (P) e o do metabolismo ósseo. Pesquisas subsequentes evidenciaram que as ações da vitamina D são amplas, com efeitos sobre os sistemas cardiovascular, nervoso central e imune, diferenciação e crescimento celular, e controle de outros sistemas hormonais. 1 Ao mesmo tempo, evidências epidemiológicas associaram a carência de vitamina D com doenças como câncer, diabetes mellitus, hipertensão arterial, doenças autoimunes, infecções e aumento da mortalidade em determinados grupos.1,2 O conjunto dessas informações levou à medicalização da vitamina D sob um pano de fundo contendo mensagens divergentes: de um lado, evitar a exposição à radiação solar para prevenção de câncer de pele e, de outro, seu uso em diversas doenças e até mesmo em situações clínicas questionáveis.