Teratogenicidade comportamental induzida pela restrição alimentar materna: canibalismo materno e mau desenvolvimento reflexológico da prole. Estudos recentes têm atribuído a presença de vários produtos químicos tóxicos durante a gestação à desnutrição materna. Um déficit no estado nutricional materno pode ser fundamental para o desenvolvimento de teratogenicidade. Entretanto, na atualidade, o conceito de teratogênese não se restringe a anomalias estruturais, mas, também, a mudanças funcionais, como, por exemplo, aquelas observadas no comportamento. Este estudo investigou os efeitos da restrição alimentar (RA) materna durante a gestação sobre o desenvolvimento físico, comportamental e reflexológico da prole. Ratas prenhes foram submetidas a restrição de ração em diferentes níveis (15, 40, 55 e 70% do consumo diário de ração em comparação ao grupo controle), com início no dia de gestação 6 (DG6) até o DG17; o grupo controle recebeu ração ad libitum. Após o nascimento, o desenvolvimento físico e neurocomportamental da prole foram avaliados. Os resultados mostraram que, com exceção da redução de peso, o desenvolvimento físico das proles dos grupos RA não diferiu do grupo controle. No entanto, os grupos experimentais apresentaram déficits de reflexos neurológicos, particularmente na geotaxia negativa e no reflexo palmar. Na atividade geral, a prole do RA 40% (E40) e do E55 apresentaram baixas frequências de locomoção e levantar e longos períodos de imobilidade. Os resultados mostram que RA materna durante a gestação promove desordens neurológicas na prole, mas não afeta o desenvolvimento físico, evidenciando a importância das avaliações comportamentais.