IntroduçãoEste artigo analisa as interações entre o Poder Executivo federal e as entidades associativas (EAs) 1 dos servidores públicos federais durante o processo de formulação, tramitação e aprovação da reforma administrativa, no primeiro governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995)(1996)(1997)(1998). Seu objetivo principal é investigar as possibilidades e os limites da construção de um processo de cooperação entre os administradores e polí-ticos responsáveis pela reforma e as EAs dos servidores públicos. A superação do padrão conflituoso de interação que tem caracterizado as relações de trabalho no setor público brasileiro poderia ser benéfica aos interesses tanto das autoridades governamentais, como dos representantes dos servidores públicos para não mencionar os próprios servidores públicos e a sociedade em geral. Tal cooperação facilitaria a troca de informações e conhecimentos, enriquecendo os projetos de reforma e diminuindo o custo social de sua implementação no setor público, ao reduzir a taxa de conflito entre os atores. Este poderia ser, portanto, um resultado ótimo para os atores envolvidos. No entanto, as conversações e interações entre os decisores governamentais e representantes das EAs, examinadas neste estudo, não lograram atingir uma cooperação sustentada. Explorar de forma sistemática as razões desse fracasso e sugerir algumas políticas que facilitariam a construção de uma relação cooperativa entre o governo federal e as EAs dos servidores públicos são os principais objetivos deste artigo.Meu argumento central é que a construção de um processo cooperativo foi limitada e condicionada pela baixa institucionalização dos canais de interação entre governo e EAs e por processos político-organizacionais que caracterizam a dinâmi-ca interna tanto dos atores governamentais como