RESUMO: Objetivo: estudar os critérios morfológicos e imunoistoquímicos relacionados ao prognóstico dos tumores estromais gastrointestinais. Métodos: o estudo foi retrospectivo de 42 casos de tumor estromal gastrointestinal (GIST). Vinte e cinco casos foram obtidos no arquivo do Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle e os outros dezessete, do Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Resultados: de acordo com a análise univariada os tumores maiores que 5 cm, com número de mitoses maior que 5/50 CGA, presença de necrose, de alto risco, revelaram significância em relação a redução da sobrevida (p= 0,017, 0,010, 0,001 e 0,016, respectivamente). Os outros fatores analisados (subtipo histológico, topografia e imunofenótipo) não mostraram significância. Conclusão: os resultados confirmam a utilidade do grau de risco, do tamanho tumoral, do índice mitótico e da necrose como fatores preditores do comportamento biológico dos tumores estromais gastrointestinais (Rev. Col. Bras. Cir. 2007; 34(6): 374-380
INTRODUÇÃOO tumor estromal gastrointestinal (GIST) representa uma entidade patológica distinta que compreende cerca de 80% dos casos das neoplasias mesenquimais do tubo digestório 1,2 . A maioria dos GIST resulta da ativação oncogênica do receptor Kit tirosina-quinase ou de seu homólogo, o receptor alfa do fator de crescimento derivado de plaqueta (PDGFRα) 3,4 . Este tumor tem sob o ponto de vista de sua histogênese a mesma linhagem das Células Intersticiais de Cajal 5,6 . No passado, este tipo de neoplasia mesenquimal era confundido com outras histologicamente semelhantes, como aquelas derivadas da musculatura lisa ou dos nervos autônomos do tubo digestório. No entanto, com o apuro do exame histopatológico a partir do advento dos marcadores imunohistoquímicos, tanto para o Kit (CD 117), o CD34, como para a actina músculo-específico, a vimentina, a proteína S-100, entre outros, tornou-se mais fácil dirimir as controvérsias quanto ao diagnóstico 7,8 . O GIST ocorre em praticamente todo o tubo digestório, da metade distal do esôfago até a região ano-retal, com uma incidência estimada em 10 a 20 casos/milhão de habitantes 8 . Contudo, a localização mais freqüente é no estôma-go com cerca de 60% dos casos, seguido pelo intestino delgado (30%), cólon e reto (5%) e esôfago (5%) 9 . É possível ainda que o GIST se desenvolva fora do trato gastrointestinal, como por exemplo no mesentério, no omento ou no retroperitônio, embora de forma muito menos freqüente 10,11 . Quando localizados no trato digestório variam de pequenos tumores subserosos até grandes massas com áreas sólido-císticas; à luz da microscopia podem apresentar três subtipos histológicos: os mais comuns de células fusiformes que representam aproximadamente 70% dos casos, os epitelióides (20%) e os mistos (10%) 12 . A despeito do conhecimento adquirido a respeito desta doença ao longo dos últimos anos, persistem ainda dúvidas relacionadas aos possíveis fatores prognósticos. A identificação destes...