A retinopatia diabética (RD) é uma complicação crônica do diabete melito (DM) que, após 20 anos de duração de diabete melito, ocorre em 99% dos pacientes com diabete melito tipo 1 e em 60% dos pacientes com diabete melito tipo 2, sendo a principal causa de cegueira em adultos. Níveis de glicose e pressão arterial elevados, junto com longo tempo de duração do DM, são os principais fatores de risco. Os fatores de risco para retinopatia diabética podem ser classificados como genéticos e não genéticos, onde estão incluídos aqueles relacionados ou não ao diabete melito, ambientais e oculares. O controle dos fatores de risco conhecidos e o tratamento adequado são a principal base do manejo da retinopatia diabética. O objetivo desta revisão é fornecer ao oftalmologista uma informação atualizada destes fatores, com ênfase no aspecto preventivo de perdas visuais no paciente com diabete melito.
INTRODUÇÃOO diabete melito (DM) é uma síndrome metabólica complexa em que ocorre uma deficiência relativa ou absoluta de insulina afetando o metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. Cerca 85 a 90% dos pacientes portadores de DM possuem o chamado DM tipo 2, previamente denominado DM não dependente de insulina (1) . Estima-se que no Brasil 7,6% da população urbana entre 30 e 69 anos apresente DM, sendo que 46% dos casos não se sabem portadores de DM (2) . O DM está associado a complicações crônicas cardiovasculares, do sistema nervoso periférico e autonômi-co e microvasculares. Uma das complicações microvasculares mais importantes do DM é a retinopatia diabética (RD), que é a principal causa de novos casos de cegueira entre norte-americanos nas idades de 20 a 64 anos, causando 8000 novos casos de cegueira a cada ano (3) . No Brasil, estima-se que metade dos pacientes portadores de DM seja afetada pela RD, sendo responsável por 7,5% das causas de incapacidade de adultos para o trabalho (4) e por 4,58% das deficiências visuais (5) . A hipóxia tecidual, acompanhada da perda da auto-regulação dos vasos retinianos, é o fator desencadeante da RD. Entretanto, a patogênese da doença microvascular retiniana não está totalmente esclarecida. A hiperglicemia está associada a outros possíveis fatores causais como dano celular mediado por alterações no metabolismo da aldose-redutase, fatores vasoproliferativos produzidos pela retina ("vascular endothelial growth factor"-VEGF), hormônio de crescimento, anormalidades eritrocitárias, plaquetárias e na viscosidade sangüínea (6) . A RD tem início nos capilares retinianos pelo comprometimento da barreira hemato-retiniana (7)(8) . As alterações fundoscópicas seguem um curso