As normas emitidas pelo International Accounting Standard Board (Iasb) são normas baseadas em princípios, as quais delegam ao julgamento profissional a decisão em matérias contabilísticas a partir dos conceitos existentes nas referidas normas, com implicações no relato financeiro. O objetivo do presente estudo passa por analisar a influência da cultura sobre o julgamento profissional, através da análise da existência de diferenças significativas relativamente às decisões em torno da divulgação ou reconhecimento de passivos e ativos, bem como validar (ou não) a classificação atribuída por Gray (1988) a Portugal, no que respeita aos valores contabilísticos do conservadorismo e do sigilo. Nesse sentido, foram analisados os conceitos previstos na Norma Contabilística e de Relato Financeiro (NCRF) 21, intitulada Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. A partir da distribuição de um questionário aos preparadores da informação, do qual resultou uma amostra de 408 profissionais, foi possível identificar, por meio de técnicas estatísticas bivariadas, diferenças significativas na perceção dos profissionais em torno da divulgação e do reconhecimento de passivos e ativos, verificando-se uma tendência mais fortalecida para a divulgação ou o reconhecimento de passivos. Relativamente aos valores do conservadorismo e do sigilo, e a partir de técnicas estatísticas multivariadas, foi possível constatar um maior grau de conservadorismo como valor contabilístico em Portugal, bem como a existência de uma associação entre os referidos valores. Pretende-se que este estudo desperte a atenção de organismos normalizadores relativamente à importância dos aspetos relacionados com a informação divulgada no relato financeiro, particularmente quando está em causa o julgamento profissional