RESUMOObjetivo: caracterizar o tipo de consistência alimentar e a articulação da fala em crianças com oclusão normal e com apinhamento dentário, verifi cando-se possíveis correlações e interferências. Métodos: participaram 60 crianças, de ambos os sexos, entre 7 e 12 anos, divididas em dois grupos. G1: 30 crianças com apinhamento dentário, G2: 30 crianças sem apinhamento dentário, conforme avaliação odontológica. Foram critérios de exclusão: défi cits neurológicos e cognitivos, presença de hábitos orais, respiração oral crônica, deformações dentofaciais, realização de tratamento ortopédico/ortodôntico e/ou fonoaudiológico. Foram realizadas: avaliação do sistema estomatognático; avaliação odontológica quanto à situação dento-oclusal; aplicação de questionários aos pais visando contemplar critérios de exclusão e defi nir os hábitos alimentares quanto à sua consistência; avaliação de fala quanto à produção fonética e fonológica. Resultados: crianças sem apinhamento dentário têm alimentação predominantemente dura, enquanto aquelas com apinhamento dentário têm alimentação predominantemente amolecida; caracterizada principalmente pelo hábito de ingestão de líquido na presença do alimento na boca. Quanto à fala, não foram encontradas alterações signifi cativas independente do apinhamento dentário e do tipo de consistência alimentar. Conclusão: há indícios de que a presença do apinhamento dentário relaciona-se à consistência alimentar. A alimentação amolecida parece constituir provável fator etiológico ou contribuinte à existência do apinhamento dentário. O tipo de alimentação e a presença de apinhamento dentário parecem não interferir na articulação da fala.
DESCRITORES:
INTRODUÇÃOVerifi cando-se o desenvolvimento do ser humano, percebem-se grandes modifi cações de suas características anátomo-fi siológicas durante sua evolução. Estudos antropológicos demonstram que a cabeça do homem sofreu modifi cações e, ■ em especial o sistema estomatognático, provavelmente em conseqüência da mudança de seus hábi-tos comportamentais e alimentares, pois o homem primitivo utilizava seu sistema mastigatório intensamente, não só pela variação do tipo de alimento, mas também como ferramenta ou arma de ataque e defesa em suas lutas [1][2][3] . Isso o difere do homem moderno, pós-revolução industrial, que ingere alimentos mais amolecidos e que passam por fases prévias de preparação. A consistência da alimentação atual é bem diferente, podendo minimizar, a cada dia, a ação da mastigação e assim provocar crescente modifi cação anátomo-fi siológica, aumentando as possibilidades de perturbações em todo o sistema 3,4 . Os alimentos duros parecem exercer infl uência em diversas estruturas, tal como a força da muscu-