“…1 Mas estas preocupações de longa data com os estereótipos presentes nas representações mediáticas parecem, hoje, contender com duas forças que, sendo embora diferenciadas, favorecem ambas o crescente descaso pela estereotipia. Alinham -se, de um lado, uma força de matriz epistemológica, a partir da qual é rejeitada a consideração dos estereótipos a partir da sua validade para traduzir identidades essencialistas objetivamente existentes fora dos discursos mediáticos; do outro, uma força transversal à cultura contemporânea dos media, que promove uma visão distópica da feminilidade: com 1 A título meramente de exemplo, vide Carter, Steiner & McLaughlin, 2014;Díaz Soloaga & Muñiz Muriel, 2008;Gallego, 2002Gallego, , 2009Lindne, 2004;Pinto -Coelho & Mota -Ribeiro, 2012;Shields, 2003;Silveirinha, 2004;Thornham, 2007. frequência, pela via do consumo conspícuo, oferece às mulheres a retórica da escolha e do empoderamento que define o feminismo, ao mesmo tempo em que insiste que o feminismo já não é preciso (Gill, 2007). Ora, o que aqui nos move é justamente uma energia de sinal contrário: a premência de reconhecer que persistem profundos desequilíbrios relativamente ao lugar e ao papel desempenhado por homens e mulheres nos discursos mediáticos -como o mais recente relatório do Projeto de Monitorização Global dos Media põe a descoberto (GMMP, 2015) -e de considerar a estereotipia presente nessas representações.…”