RESUMOEmbora constituam palinomorfos de natureza biológica incerta, os acritarcos são comumente utilizados para fins bioestratigráficos e de interpretação paleoambiental, principalmente para os depósitos de idade entre o Cambriano e o Devoniano. Este trabalho apresenta uma revisão atualizada sobre os aspectos morfológicos, classificação, distribuição estratigráfica e aplicações dos microfósseis de parede orgânica alocados neste grupo no âmbito das Geociências. Registros brasileiros são exemplificados, principalmente de bacias intracratônicas paleozoicas, com destaque para os depósitos pennsilvanianos e permianos da Bacia do Paraná. Como principais resultados obtidos para este intervalo na bacia, destacam-se: (i) muitos dos táxons identificados como acritarcos possivelmente têm parentesco com algas prasinofíceas e zignematáceas e (ii) a constatação de intervalos com associações abundantes em espécimes atribuídos aos gêneros Micrhystridium e Veryhachium, corroborando interpretações prévias sobre um marco estratigráfico permiano de natureza marinha, incluindo depósitos da porção superior da Formação Palermo à porção mais inferior da Formação Irati. A revisão taxonômica revela um período de declínio acentuado da diversidade de espécies (blackout fitoplanctônico) para o Carbonífero e Permiano em nível mundial, principalmente considerando a riqueza em nível genérico, muito menor que aquela observada para os depósitos pré-carboníferos no Brasil e em outras partes do mundo.Palavras-chave: palinologia, Paleozóico Superior, fitoplâncton, Bacia do Paraná, Gondwana.
ABSTRACTDespite their uncertain biological affinity, the palynomorphs known as acritarchs are commonly used for biostratigraphic and paleoenvironmental interpretation, particularly of Cambrian to Devonian deposits. This paper presents an updated review of the morphology, classification and stratigraphic distribution of organicwalled microfossils included in this group, as well as their application in Geosciences. Brazilian records from Paleozoic intracratonic basins, especially from Pennsylvanian and Permian deposits of the Paraná Basin, are discussed. The main results of the analysis of this interval in the basin are (i) many of the taxa identified as acritarchs are related to species of prasinophyceae and zygnemataceae algae, and (ii) the record of intervals with abundant association of specimens assigned to the genera Micrhystridium and Veryhachium, which corroborates previous interpretations of a Permian stratigraphic marker of marine nature at the top of the Palermo Formation and base of the Irati Formation. The taxonomic review supports the idea of a worldwide decrease in diversity of these taxa during the Pennsylvanian and Permian interval (phytoplankton blackout), especially considering richness at the generic level, which was much lower than that observed in pre-Carboniferous deposits in Brazil and in other parts of the world.