a concepção do masculino como sujeito da sexualidade e o feminino como seu objeto é um valor de longa duração da cultura ocidental. Na visão arraigada no patriarcalismo, o masculino é ritualizado como o lugar da ação, da decisão, da chefia da rede de relações familiares e da paternidade como sinônimo de provimento material: é o "impensado" e o "naturalizado" dos valores tradicionais de gênero No que tange aos registros históricos, comumente, estes, privilegiaram os eventos ocorridos na esfera pública, âmbito hegemonicamente masculino até o século XIX, uma vez que o espaço público é o local da política e das decisões. Para as mulheres destinava-se o espaço privado: o lar e a família. Âmbitos considerados, até então, desprovidos de relevância social e política, portanto, destinado a natureza do "cuidado" e consequentemente reduto feminino. Esse discurso é justificador para a permanência das mulheres no âmbito do lar, sob o argumento da possibilidade de desagregação familiar, caso as mesmas ocupassem outros espaços.Esta dinâmica começa a ser rompida e as mulheres passam conquistar o direito de ter suas narrativas manifestadas na história só a partir do século XX, em razão das lutas encampadas pelo movimento feminista, que traziam as reinvindicações pelo direito ao voto, ao trabalho, a igualdade de direitos entre os sexos, o direito à saúde sexual e reprodutiva, o direito à participação política, enfim tudo o que diz respeito aos direitos de cidadania. A partir desse momento, as mulheres iniciam as narrativas de suas histórias. De acordo com Michelle Perrot (2007, P. 212:) (...) as mulheres não são passivas nem submissas. A miséria, a opressão, a dominação, por mais que sejam, não bastam para contar a sua história. Elas estão presentes aqui e além. Elas são diferentes. Elas se afirmam por outras palavras, outros gestos. Na cidade, na própria fábrica, elas têm outras práticas cotidianas, formas concretas de resistência -à hierarquia, à disciplina -que derrotam a racionalidade do poder, enxertadas sobre seu uso próprio do tempo e do espaço. Elas traçam um caminho que é preciso reencontrar. Uma história outra. Uma outra história.Assim, o movimento feminista terá papel central na construção de uma representação do mundo, a partir do olhar feminino. Paralelamente, dentro desta perspectiva há um ponto de vista que privilegia as análises da relação sexo/gênero, bem como as relações de opressão perpassadas por esse contexto.Inclusive, a historiadora Mary Del Priore (2013) afirma que foram as feministas que fizeram a História das Mulheres antes dos historiadores.
O SILÊNCIO ENQUANTO LINGUAGEM E RESISTÊNCIA DAS MULHERESOs sujeitos são produzidos no discurso e pelos discursos, assim como podem ser produzidos pelo silêncio. Particularmente, as mulheres tem o potencial de produzir linguagem e jogos de força e poder 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS