RESUMO -OBJETIVOS.Avaliar o comportamento da percentagem de fragmentos da biópsia prostática, guiada por ultra-sonografia transretal, na previsão de doença extraprostática em pacientes com adenocarcinoma localizado de próstata e, também, comparar a eficiência deste parâmetro com aqueles obtidos pela avaliação do PSA sérico e escala de Gleason pré-operatórios.MÉTODOS. Foi realizado estudo retrospectivo não controlado de 522 pacientes portadores de adenocarcinoma localizado de próstata e submetidos a tratamento cirúrgico através da prostatectomia radical retropúbica. A idade dos pacientes variou entre 42 a 76 anos, média de 62,44 anos. Todos os pacientes foram submetidos à ultra-sonografia transretal com biópsia prostática (direta da lesão e/ou área suspeita e sextante) antes da prostatectomia radical retropúbica. Os 522 pacientes foram divididos em grupos quanto à percentagem de fragmentos positivos encontrados na biópsia, que foram correlacionados com os achados anatomopatológicos de doença intraprostática (confinada à glândula) e extraprostática (invasão tumoral da gordura periprostática e/ou invasão de colo vesical e/ou invasão das vesículas seminais e/ou linfonodos pélvicos positivos), do espécime cirúrgico.
INTRODUÇÃONas últimas quatro décadas, o câncer da próstata tornou-se um problema relevante de saúde pública. É a doença maligna mais comum do homem nos Estados Unidos e a segunda causa mais comum de morte por câncer 6,7,8 . O sistema de Gleason tem sido introduzido também para ajudar a prever a evolução e predizer o estágio patológico. Sabemos que lesões com escore de Gleason 2-4 (bem diferenciados) têm um comportamento mais indolente e as de escore 7-10 (indiferenciados) são agressivos, respondendo mal às diferentes opções de tratamento.A biópsia sextante da próstata guiada por ultra-sonografia transretal é o método mais *Correspondência: R. Barata Ribeiro, 414 CJ 25 -01308-000 São Paulo -SP -nesrallahuro@uol.com.br recomendado, na prática, para diagnosticar câncer de próstata. Vários autores têm tentado quantificar, de diversas maneiras, os dados da biópsia prostática, na tentativa de identificar achados pré-operatórios que possam ajudar a diminuir o subestagiamento e prever extensões extracapsulares ou falha biológica. Estas biópsias, quando adequadamente realizadas, são fonte de inúmeras informações, pois podem ser usadas para o estudo da cápsula, tecidos periprostáticos, espaços perineurais, quantificação de tumor nos fragmentos, podendo estimar, com isto, a multifocalidade, o volume do tumor e a extensão extraprostática [9][10][11][12][13][14][15][16] . Observamos que existem controvérsias na literatura sobre o real valor da biópsia sistemática sextante na previsão de doença intra ou extraprostática, porém, constatamos um potencial clínico para a utilização da RESULTADOS. Na análise da percentagem de fragmentos positivos os grupos G1(0-25%), G2(26-50%) e G3(51-75%) apresentaram incidência de doença intraprostática duas a três vezes maior do que extraprostática. No entanto, quando mais de 75% dos fr...