A formação do supercontinente Rodínia ainda é tema de bastante debate na literatura. Os estudos paleomagnéticos realizados em rochas de 1200-1000 Ma do Cráton Amazônico permitem testar modelos de configurações paleogeográficas no período anterior a formação do supercontinente Rodínia, ocorrido há ≈1000-900 Ma. Neste trabalho, são realizados estudos paleomagnéticos e de datação K-Ar (em rocha total) dos olivina-diabásios da Suíte Intrusiva Arinos, que correspondem às soleiras que cortam o pacote sedimentar da Formação Dardanelos, localizadas a noroeste do Estado do Mato Grosso (Cráton Amazônico). A idade inferida para a colocação das soleiras Arinos é 1140 ± 10 Ma, a qual é coerente com a idade máxima para a deposição sedimentar da Formação Dardanelos, de 1300-1250 Ma, determinada em zircões detríticos destas rochas pelos métodos U-Pb e Pb-Pb. Os estudos paleomagnéticos, através da desmagnetização por campos alternados e térmica passo-a-passo, revelaram uma direção da magnetização remanente característica estável a sudeste (noroeste) com baixas inclinações positivas (negativas). O estudo da mineralogia magnética indica que esta magnetização remanente característica é portada por magnetitas e/ou titanomagnetitas (com baixo teor em titânio) com estrutura de domínio simples (SD) e pseudo-domínio simples (PSD). Foi determinada a direção média Dm=143,9º, Im=28,8º (N=24; α95=6,5; k=21,7) e o polo paleomagnético ARI, localizado a 54,9ºS; 17,8ºE (A95=5,9º; K=25,8), o qual é classificado com critério de confiabilidade R=5. O polo obtido para a Suíte Arinos (polo ARI) permitiu testar duas configurações possíveis: a primeira corresponde a configuração do megacontinente Umkondia, onde o Cráton Amazônico (na configuração do Umkondia) estaria unido ou separado da Báltica; a segunda configuração refere-se ao modelo WABAMGO, em que o polo obtido neste trabalho é compatível com a curva de deriva polar aparente traçada para este bloco continental entre 1200 e 860 Ma.