IntroduçãoA depressão maior constitui um transtorno mental com alta prevalência na população geral. Segundo Kessler, Chiu e Demler (2005), a doença acomete cerca de 15% das pessoas ao longo da vida, sendo que as consequências repercutem negativamente em todas as esferas da vida do paciente, sejam psíquicas, biológicas ou sociais.A etiopatogenia da depressão maior compreende uma relação, ainda não muito clara, entre predisposição genética e vulnerabilidade ambiental (CHARNEY; MANJI; KEELER, 2004), que, dependendo da sua intensidade e forma de apresentação, pode desencadear um processo depressivo em pacientes com uma carga genética susceptível (COSTELLO et al., 2003;WEISSMAN et al., 2005).Poucos estudos buscaram caracterizar amplamente aspectos sociais de uma população com depressão maior no Brasil (LOPES et al., 2002;CAVALCANTI;OLIVEIRA GUERRA, 2006;SILVA et al., 2010). Acredita-se que a caracterização social dos pacientes com depressão maior pode possibilitar a identificação de estressores ambientais atrelados ao desenvolvimento do transtorno (McEWEN, 2007;DALY et al., 2010). Desta forma, o objetivo do presente estudo é descrever caracterís-ticas sociais e econômicas, assim como o acesso a serviços de saúde, de pacientes deprimidos de todo o Estado de Minas Gerais em 2009.
Demografia da depressãoDiversos estudos mostram certo padrão demográfico no que se refere aos pacientes com depressão (MÁXIMO, 2010). De maneira geral, a depressão é mais prevalente entre as mulheres, independentemente da idade (YONKERS; STEINES, 2001). Algumas hipóteses são levantadas para tal cenário, tais como maior facilidade em expor seus sentimentos, o que pode facilitar no diagnós-tico, diferenças fisiológicas e hormonais em relação aos homens e maior prevalência da pobreza entre as mulheres (MÁXIMO, 2010).A pobreza é, sem dúvida, um fator associado à prevalência da depressão. Aspectos como baixa renda, baixa escolaridade e desemprego são variáveis importantes identificadas em diversos estudos (HOLMES, 2001; SOLOMON, 2002;BÓS;BÓS, 2005;MÁXIMO, 2010).Em relação à estrutura etária da população com depressão, existe uma variedade de achados tanto na literatura nacional quanto na internacional. Atualmente observa-se que a depressão pode ocorrer em qualquer idade, ao contrário do que se acreditava na década de 1970 (MÁXIMO, 2010), embora dados de diversos estudos mostram que a doença é mais comum entre adultos e idosos. Dados da PNAD 2008