Resumo: Este artigo analisa a compreensão no português brasileiro da pista prosódica de duração de sílabas em sentenças ambíguas do tipo SN1- V-SN2-Atributo (e.g. ‘A mãe encontrou a filha suada’). Fonologicamente, tais leituras podem ser explicadas pelo fato de o atributo poder ou não se juntar a seu núcleo na construção do domínio da frase fonológica (NESPOR; VOGEL, 1986), e de que, se há fronteira de domínios, um alongamento é esperado (FOUGERON; KEATING, 1997). O estudo propõe que o alongamento é um fenômeno opcional no PB. Um experimento de picture matching é aplicado para versões de estruturas de aposição não local e local de nove sentenças. Os resultados apontaram para diferenças significativas conforme o tipo de estrutura sintática. As diferentes sentenças também se mostraram relevantes para a interpretação de que, ainda que o alongamento seja opcional na produção, uma vez realizado, ele serve como condutor para uma interpretação não local. Os resultados para uma interpretação local parecem decorrer da interação entre o Princípio de Late Closure (FRAZIER, 1979) com a estrutura prosódica da sentença. Por fim, a análise evidencia que estruturas do tipo small clause interferem no processo de alongamento e, assim, este artigo defendeue isso ocorre porque a reestruturação prosódica é bloqueada neste tipo de estrutura sintática.Palavras-chave: aposição local; aposição não local; fronteira prosódica; alongamento; small clauses.Abstract: This article discusses the comprehension of syllable duration in Brazilian Portuguese as a prosodic cue in ambiguous sentences with a NP1-V-NP2-attribute structure (e.g. ‘The mother has found her daughter sweating’). Phonologically, interpretations of the above-mentioned structure can be explained by the fact that attributes may or may not join the head in the construction of the phonological phrase domain (NESPOR; VOGEL, 1986), and because lengthening is expected when there is a boundary (FOUGERON; KEATING, 1997). We suggest that lengthening exists in BP as an optional phenomenon. We ran a picture matching experiment, with versions of structures with high and low attachment of 9 sentences. Overall results showed significant differences for type of syntactic structure. The different sentences also played a role in the results, indicating that although lengthening is optional in production, once it has been performed, it leads to a high attachment reading. The Low Attachment Principle (FRAZIER, 1979) seems to play a role in the results for sentences with low attachment. Finally, the findings signal also that sentences which allow small clause constructions may interfere with the lengthening process; and we argue that this happens because restructuring is blocked in this kind of structure.Keywords: low attachment; high attachment; prosodic boundary; lengthening; small clauses.