ResumoEste ensaio analisa as discussões políticas e o imaginário alemão relativos ao movimento pela paz e às grandes greves na Alemanha em 1917 e 1918, refletindo sobre a transformação de suas significações políticas no imediato pós-guerra, em particular nos círculos conservadores. Esses eventos se conformam em gatilhos para uma onda paranoica que varreu a política alemã nos anos seguintes, possibilitando a ascensão de grupos conservadores e extremistas, dentre eles o Partido Nazista. O texto, assim, se divide em três partes: uma breve incursão sobre o conceito de paranoia e seus desdobramentos; algumas considerações sobre a paranoia e a teoria da conspiração no imaginário e nos espaços sociais conservadores; uma análise do mito da facada pelas costas, grande narrativa conspiratória do período, considerando suas influências na disseminação do antissemitismo e do ódio aos "inimigos internos", essenciais na estratégia discursiva nacional-socialista. Palavras-chave: paranoia; Teoria da Conspiração; nazismo.
AbstractThis paper is focused on the political debates and the German imaginary concerning the peace movement and the major German strikes in 1917 and 1918, reflecting about the transformation of its political significance in the immediate postwar period, particularly in conservative circles. These events turn into triggers for a paranoid wave that dominated German politics in the following years, enabling the rise of conservative and extremist groups, the Nazi Party among them. The article is divided in three parts: (1) a brief overview of the concept of paranoia; (2) some considerations about the relation between paranoia and conspiracy theory in the imaginary and in the conservative social spaces; (3) an empirical analysis of the myth of the "stab in the back", the great conspiratorial narrative of the period, considering its influences in the spreading of antiSemitism and hatred against the "internal enemies", an essential feature of the national-socialist discursive strategy.