O estudo investigou uma relação pouco explorada no campo científico: valores humanos individuais como preditores de justiça organizacional. O contexto foi a distribuição de postos de trabalho para delegados de polícia nas diversas unidades policiais do Distrito Federal, recurso organizacional conhecido como “lotação funcional”, que foi considerado muito importante em uma amostra de 206 participantes, representando 64% da população estudada. As variáveis foram medidas por meio do Portrait Value Questionaire Refined, PVQ-R (Schwartz et al., 2012; Torres et al., 2016), e a Escala de Percepção de Justiça Organizacional, EPJO (Mendonça et al., 2003). As médias gerais revelaram que os valores de conservação e autopromoção são predominantes na carreira, havendo baixa percepção de justiça organizacional sobre a distribuição das lotações, especialmente quanto aos procedimentos adotados para a decisão. Análises inferenciais apontaram poder de predição de valores de conservação sobre justiça distributiva (R² = 0,043) e justiça de procedimentos (R² = 0,068), enquanto que valores de abertura à mudança predisseram justiça interacional (R² = 0,022). O sentido das correlações foi harmônico ao caráter senoidal do Contínuo Motivacional de Schwartz. Os resultados apontam que os delegados com valores de conservação perceberam menos justiça distributiva e de procedimentos, indicando que o sistema de lotações e remoções pode ativar metas de segurança com impacto negativo na percepção de justiça, enquanto que policiais com metas opostas relataram maior justiça interacional.