IntroduçãoOs primeiros três quinquênios do século xxi na América Latina foram cenários de experiências de corte progressista em vários países da região que se transformaram em um contexto de recuperação da intervenção do Estado, crescimento da economia e queda do desemprego, assim como de fortalecimento das instituições laborais. As transformações operadas nesses quinze anos contrastaram com os diagnósticos dos anos de 1990, que coincidiram com uma desestruturação do mercado de trabalho atravessado por desemprego, desregulamentação, flexibilidade, fragmentação da classe obreira e ruptura ou debilitação dos pactos coorporativos entre sindicatos, empresários e Estado (Iranzo, 2011;Leite, 2012;Garza Toledo, 2000;Ramalho, 2014).De fato, boa parte dos estudos e investigações no novo milênio registrou debates sobre o trânsito em direção a modelos "neodesenvolvimentistas" (Féliz, 2007) ou "pós-neoliberais" (Sader, 2008) ou fizeram referência a "governos progressistas" (Laclau, 2006) ou a um "novo regime de emprego" (Palomino, 2007a) compartilhando a visão sobre o retrocesso do rumo marcado pelas políticas neoliberais hegemônicas dos anos de 1990. Na Argentina é possível identificar uma dinâmica de crescimento econômico, sustentada a partir de 2003 até fim de 2015, que permitiu que o sindicalismo argentino recobrasse o protagonismo que havia perdido após duas décadas de reformas neoliberais, dando lugar a uma fecunda literatura que caracterizou as estratégias sindicais em termos de "revitalização" (Etchemendy e Collier, 2008; Se-