Apesar dos recorrentes esforços de caracterização dos distintos padrões de mobilidade por gênero em metrópoles do Norte e Sul Global, ainda são pouco claras as relações de causalidade que determinam esse fenômeno. Este artigo busca explicar a parcela dessas diferenças que decorre da divisão sexual do trabalho, apoiando-se em análises quantitativas confirmatórias. Partindo de uma representação conceitual da problemática advinda da literatura, construiu-se um diagrama causal que traduz as hipóteses causa-efeito de interesse e controla pelas possíveis fontes de endogeneidade. Dados da pesquisa OD de São Paulo foram utilizados na estimação de modelos de equações estruturais, que confirmaram explicações causais baseadas em três elementos-chave: atribuições do lar, inserção profissional e acessibilidade. Evidenciou-se que as imposições sociais decorrentes da divisão sexual do trabalho repercutem na produção de viagens e nas limitações sobre o orçamento de tempo, sendo observados processos causais heterogêneos não só entre os gêneros, mas entre classes de renda.