RESUMO O objetivo deste relato foi descrever o caso de um paciente submetido à craniotomia, acordado, para a ressecção neurocirúrgica de um glioma e a avaliação linguística pré-operatória, intraoperatória e pós-operatória. Paciente do gênero masculino, 27 anos, escolaridade nível superior incompleto, apresentando vômitos, confusão mental e crise convulsiva tônico-clônica. Após a avaliação do paciente pela equipe e devidas orientações pré-operatórias, a proposta de excisão da lesão em estado de vigília foi esclarecida e aceita. Ao iniciar o procedimento, os campos foram ajustados para manter as vias aéreas e os olhos acessíveis para mapeamento com estimulação elétrica e avaliação da linguagem no período intraoperatório. Devido à localização do tumor próximo à área motora da fala, foram propostas tarefas para a avaliação da linguagem em quatro momentos: pré-operatório, intraoperatório, pós-operatório imediato e pós-operatório mediato. As habilidades linguísticas testadas nas quatro avaliações foram: compreensão e expressão da linguagem oral, transposição linguística, linguagem associativa, nomeação, discriminação visual, fluência e organização da sintaxe. Com o objetivo de controlar e eliminar o efeito de aprendizagem da testagem, foram solicitadas as mesmas tarefas, porém, com diferentes conteúdos para a testagem das habilidades nas quatro fases. A cirurgia com o paciente acordado permitiu a ressecção completa e segura do tumor, sem prejuízo motor ou linguístico. O engajamento da equipe, a interação interdisciplinar e o planejamento cirúrgico detalhado constituem um pilar para o bom resultado de um procedimento tão complexo e delicado.