“…A linguagem ganha um approach com as artes visuais, e isso fica evidente na obra de Ferreira Gullar 12 e Haroldo de Campos, que, embora tenham concepções sobre a linguagem completamente distintas (o primeiro, com sua visão mais imaterial e metafísica da linguagemobjeto da arte poética -, e o segundo, enxergando a palavra como um ideograma), encontram-se no mesmo movimento de vanguarda que busca novas concepções artísticas para a arte poética, no sentido de alinhá-la esteticamente aos mais diversos movimentos artísticos de vanguarda. Nesse espaço entre materialidade e imaterialidade da linguagem e, conjuntamente, da palavra em si, temos a obra de arte conceitual, misturando elementos visuais e linguísticos(ERBER, 2012).Com a criação do livro-poema de Ferreira Gullar, viu-se surgir uma abordagem diferente no que diz respeito à recepção do poema: agora, sua performance, ou seja, a leitura faz parte do acontecer da obra de arte poética, que se traduz na temporalidade, posto que cada leitor teria seu próprio tempo de ler o livro-poema, o que resulta de performances diferentes, segundo a leitura de cada um. Essa transformação da poesia para algo além da palavra, logo, além da literatura, numa interface com as artes visuais vem de encontro com a obra do poeta japonês Kitasono Katsue 13 , cujas experimentações poéticas estão muito ligadas à fotografia e às artes plásticas, sempre dentro desse modelo de arte conceitual(ERBER, 2012).…”