Amphisbaenia são répteis fossoriais, que vivem em sistemas de túneis construídos por eles mesmos. Atualmente, são descritas 195 espécies recentes. O objetivo deste estudo foi reunir informações bibliográficas sobre aspectos de sua morfologia, fisiologia e comportamento relacionando-as ao hábito fossorial. O principal instrumento de escavação dos anfisbênios é a cabeça, cuja morfologia está relacionada com a maneira como a escavação é realizada. Assim, nas espécies com a cabeça arredondada o mecanismo de escavação é generalizado e nas espécies com a cabeça em forma-de-pá, de espátula ou com uma quilha vertical é especializado. O crânio é resistente, formado por placas ósseas rígidas, que devem suportar as investidas da cabeça. O corpo é alongado e cilíndrico desprovido de membros, na maioria, e formado por anéis tegumentares, importantes no deslocamento retilíneo do corpo para a frente e para trás, dentro dos túneis. O alongamento do corpo é refletido nos órgãos internos que são, em sua maioria, alongados; os órgãos pares tendem a sofrer redução ou deslocamento unilateral. Como estratégias de defesa utilizam-se da autotomia caudal, exibição da cauda ou salto de fuga. São predadores que se alimentam, normalmente, de insetos e suas larvas, apreendidos por mandíbulas potentes, dentes fortes e recurvados. O sistema visual é reduzido, no entanto, são capazes de perceber sons e vibrações oriundas do substrato, e possuem um acurado senso químico. A maioria das espécies é ovípara com um baixo número de ovos por ninhada e o ciclo sexual é geralmente sazonal, sincronizado com a estação quente e chuvosa, mas outros aspectos relacionados ao comportamento reprodutivo das espécies ainda são desconhecidos. Exibem termorregulação comportamental e selecionam micro-habitat com temperaturas mais favoráveis às suas atividades, realizando migrações verticais no solo, de acordo com a temperatura ambiental e estações do ano. Os tipos de solos e o teor de umidade do mesmo parecem influenciar na distribuição espacial dos Amphisbaenia, mas esta relação precisa ser melhor compreendida. O modo de vida fossorial protege da irradiação solar intensa, oferece um micro-habitat com maior teor de umidade do que na superfície, propicia proteção contra muitos predadores e favorece a captura de presas que vivem no solo, mas impõe restrições em relação os biótopos onde este animais poderiam ser encontrados.