RESUMOOs autores apresentam dois casos de hepatite tóxica por uso de propiltiouracil (PTU), com evoluções diversas. Uma paciente desenvolveu icterícia e alterações de transaminases, que desapareceram com a suspensão do medicamento. Outra paciente apresentou-se com quadro de hemorragia digestiva alta, insuficiência hepática e evoluiu rapidamente para o óbito. Os dois casos mostraram sorologias negativas para hepatites virais. Os autores chamam atenção para a importância da orientação ao paciente quanto à possibilidade de desenvolver icterícia em uso de PTU e, nos casos de hepatotoxicidade, da pronta suspensão do uso da droga e acompanhamento clínico do paciente. O PROPILTIOURACIL (PTU) ASSUMIU um importante papel no tratamento do hipertireoidismo em todo o mundo, desde sua introdução em 1946 (1). Os efeitos colaterais mais freqüentes das drogas anti-tireoideanas são "rash" cutâneo, urticaria, artralgia, febre e leucopenia transitória, que estima-se estarem presentes em 1 a 5% dos casos -sendo considerados efeitos adversos de menor importância. Dentre os efeitos colaterais potencialmente graves, a agranulocitose é o mais comum e temido, acometendo 0,2 a 0,5% dos pacientes, tanto devido ao PTU quanto ao metimazol (2). Entretanto, apesar de raras, têm aumentado as descrições de hepatotoxicidade destas drogas, particularmente a hepatite tóxica pelo PTU (3-17). Quando esta complicação é precocemente reconhecida e o tratamento com a droga é suspenso, seu curso clínico geralmente é benigno. Todavia, têm sido relatados diversos casos de óbito por insuficiência hepática decorrentes do tratamento com PTU (5,9,11,14,16). Apesar de ser evento raro, a hepatite pelo PTU exige atenção imediata da equipe médica, que deve suspender o medicamento e acompanhar o caso com avaliações freqüentes de função hepática. Neste trabalho, descrevemos dois casos com evoluções distintas desta complicação, discutindo a importância do pronto reconhecimento e atendimento ao paciente acometido.