Relato de Caso
RESUMOA intervenção coronária percutânea com stent associada ao uso de aspirina, clopidogrel, heparina e inibidores da glicoproteína IIb/IIIa diminuiu a incidência de desfechos desfavoráveis no contexto da síndrome coronária aguda. Contudo, tal associação pode dificultar o manejo do paciente que evolui com plaquetopenia, uma complicação rara do uso do abciximab e da heparina, mas de grande importância clínica. Descrevemos o caso de um paciente com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST, que evoluiu com plaquetopenia após o início do tratamento. Avaliamos a literatura sobre a diferença da plaquetopenia secundária ao uso do abciximab e da heparina, a fisiopatologia dessa complicação e o manejo dessa condição paradoxal, em que a antiagregação é imperativa em decorrência do uso do stent, e em que pode haver sangramentos significativos ou trombose do stent pela interrupção dos medicamentos. The use of stents in percutaneous coronary interventions, associated with aspirin, clopidogrel, heparin and glycoprotein IIb/IIIa inhibitors has reduced the incidence of unfavorable outcomes in acute coronary syndromes. However, this association may hinder the management of patients who develop thrombocytopenia, a rare but clinically important complication of the use of abciximab and heparin. We describe a case of a patient with acute ST-segment elevation myocardial infarction who developed thrombocytopenia after the initial treatment. We evaluated literature data on the difference of thrombocytopenia secondary to the use of abciximab and heparin, the pathophysiology of this complication and the management of this paradoxical condition where antiplatelet therapy is imperative due to the use of stent, but where there may be significant bleeding or stent thrombosis due to drug discontinuation.
DESCRITORES:
KEY-WORDS:Acute coronary syndrome. Antibodies, monoclonal. Thrombocytopenia.
Obloqueio farmacológico do receptor plaquetário da glicoproteína IIb/IIIa surgiu como uma importante estratégia nos pacientes submetidos a intervenção coronária percutânea, promovendo melhora dos desfechos clínicos. Entretanto, o maior uso dos antagonistas da glicoproteína IIb/IIIa tornou o risco de complicações uma grande preocupação.A administração de antitrombínicos na síndrome coronária aguda tem como objetivo primordial estabelecer e manter a patência da artéria relacionada ao infarto, tendo o paciente recebido ou não terapia fibrinolítica. Os antitrombínicos nesse cenário também previnem a trombose venosa profunda, a embolia pulmonar, a formação de trombo ventricular e a embolização cerebral. Todavia, deve-se atentar para seus possíveis efeitos adversos.Tanto os antagonistas da glicoproteína IIb/IIIa quanto os antitrombínicos podem causar graves complicações. O risco de sangramento e de trombocitopenia deve sempre ser considerado ao se utilizar essas medicações, levando-se em conta as características do paciente e suas comorbidades. Aproveitamos a descrição de um caso para discutir tanto a plaquetopenia quan...