Os carrapatos apresentam uma infinidade de hospedeiros, no entanto a maioria dos estudos para desvendar as relações desse parasitismo se concentra em hospedeiros primários e de importância econômica. Mesmo assim, alguns aspectos ainda permanecem pouco abordados tanto para estes hospedeiros como para hospedeiros secundários e acidentais. Diante do exposto, esta tese foi organizada em três capítulos em formato de artigo científico. No primeiro capítulo é apresentada uma avaliação das alterações histopatológicas e as respostas do perfil oxidativo de equinos no local de fixação de A. sculptum. Nele foi observado aumento da celularidade, infiltrado inflamatório, mastócitos, núcleos picnóticos e alterações nos componentes fibrosos da matriz, o nível da enzima antioxidante SOD foi maior em Breton Postier, o que pode significar que esses animais tiveram maior atividade enzimática e, consequentemente, menos dano tecidual, enquanto a GST caiu nos locais de fixação em comparação ao controle, o que pode indicar que os animais estavam em estado de estresse oxidativo significativo ou a possível ocorrência de sequestro enzimático por carrapatos, além disso, foi observada correlação negativa entre a infestação por carrapatos e a resposta inflamatória indicando que animais com maior resposta inflamatória tendem a ter menos infestação por carrapatos. No segundo capítulo foi feita uma avaliação da diversidade de ixodídeos e detecção Rickettsia spp. em carrapatos que parasitam aves no bioma Mata Atlântica. Nele foram capturadas 773 aves, das quais 130 estavam parasitadas por carrapatos 479 carrapatos das espécies Amblyomma longirostre, Amblyomma calcaratum, Amblyomma varium, Amblyomma sculptum e larvas de Amblyomma spp., foi observada distribuição sazonal dos estágios de vida ao longo do ano e foram encontradas correlações negativas significativas entre temperatura e carrapatos e temperatura e aves infestadas. Foram positivas para Rickettsia spp. 43 amostras de carrapatos e a análise de sequência indicou alta identidade de nucleotídeos com Rickettsia rhipicephali, R. massiliae, R. africae e R. honei marmionii, o que chamou a atenção devido ao potencial de dispersão de carrapatos pelas aves somado à agressividade espécies do gênero Amblyomma e o potencial zoonótico de algumas espécies de Rickettsia. No terceiro capítulo foi realizado um compilado de dados publicados que relatam o parasitismo de carrapatos em humanos nos diferentes biomas do Brasil e sua relação com as alterações ambientais. Foram incluídos estudos publicados entre 1909 e 2022, que apresentavam nove espécies da família Argasidae e 32 espécies da família Ixodidae parasitando humanos nos seis biomas do território brasileiro. A espécie com maior número de registros de parasitismo humano foi Amblyomma sculptum, seguido por Amblyomma coelebs, Amblyomma cajennense sensu stricto e Amblyomma brasiliense. Além disso foram encontrados registros para Amblyomma ovale, vetor da Rickettsia parkeri no país, e A. sculptum e A. aureolatum que são as principais espécies que atuam como vetores de Rickettsia rickettsii, o que é bastante preocupante considerando que a ampla distribuição das espécies e fases de vida mais freqüentemente mencionados no parasitismo (ou seja, ninfas e adultos) são os que favorecem a transmissão do patógeno. Palavras-chave: Doenças transmitidas por carrapatos. Ixodidae. Argasidae. Parasitologia.