OBJETIVO: Avaliar a associação entre marcadores antropométricos de adiposidade corporal (índice de massa corporal e circunferência da cintura) e hipertensão arterial. MÉTODOS: Estudo de corte transversal, de base populacional, realizado no período de 2003 a 2004, com 1.298 indivíduos de 20 a 59 anos. Foram considerados hipertensos os indivíduos com pressão arterial > 140/90 mmHg ou em uso de medicação anti-hipertensiva. As associações entre os indicadores antropométricos e a hipertensão arterial foram analisadas por regressão de Poisson, ajustada por potenciais fatores de confusão (sexo, idade, escolaridade, tabagismo, consumo de bebida alcoólica e atividade física no lazer). A curva ROC foi utilizada para determinar o melhor ponto de corte do IMC para detecção da hipertensão arterial. RESULTADOS: A prevalência de hipertensão arterial foi de 28,3%, sendo 33,5% no sexo masculino e 23,5% no feminino. Após ajuste para o IMC e potenciais fatores de confusão, a circunferência da cintura perdeu associação com o desfecho avaliado, permanecendo apenas o IMC com poder de explicação para a hipertensão arterial (RP = 1,05, p = 0,001). O melhor ponto de corte para o IMC no sexo masculino foi de 25,6 Kg/m², e no sexo feminino 25,7 Kg/m². CONCLUSÕES: A associação observada entre a circunferência da cintura e a hipertensão arterial em muitos estudos pode estar relacionada à ausência de controle de potenciais fatores de confusão nas análises, bem como à não remoção do efeito da adiposidade total. Novas investigações devem ser conduzidas na população brasileira, a fim de se verificar as verdadeiras associações entre indicadores antropométricos e vários desfechos, estudando-se também os melhores pontos de corte desses indicadores.