“…No que concerne ao papel dos novos doutorados em Portugal na produção de conhecimento, convém desde logo notar que o nível de qualificações de investigadores e de docentes do ensino superior português ainda se afirma particularmente reduzido quando comparado internacionalmente (Horta e Hasanefendic, 2015;Santos, Horta e Heitor, 2016), mesmo que o atual quadro legal da carreira de investigação científica (Decreto de lei n.º 124/99) e de docência nas universidades (Decreto de lei n.º205/2009) e nos politécnicos (Decreto-Lei n.º 207/2009) estabeleça o doutoramento como requisito de acesso. Esta lacuna qualificacional assinala um importante espaço profissional de acolhimento para os novos doutorados com impacto no desenvolvimento científico nacional, conforme se pode verificar pela correlação entre o crescimento do número de novos doutorados em Portugal e o aumento quer do número de publicações científicas (indexadas na Web of Science), quer do seu fator de impacto, entre 2004 e 2011 (Santos, Horta e Heitor, 2016). Mesmo que o recente período de crise económica tenha dificultado o acesso e erodido as condições de trabalho nas carreiras de investigação (Cairns, Cuzzocrea e Briggs, 2017) e de docência (Cardoso, Carvalho e Cideira, 2018), os resultados das várias inquirições CDH revelam que a esmagadora maioria dos doutorados residentes em Portugal se inscreve nessa esfera académica (Cotrim e Duarte, 2015;DGEEC, 2017;GPARI, 2009GPARI, , 2011, ainda que não precisem se esta forte aliança também se verifica entre as coortes de doutorados mais recentes.…”