Apesar da negação histórica e do descaso do poder público, as mulheres pescadoras de Porto Said, às margens da represa da Usina Hidrelétrica -UHE Barra Bonita, no Rio Tietê, SP, existem sim. Elas praticam pesca profissional artesanal e mantém uma relação de identificação e afeto pelo Rio Tietê. Vivem em moradias precárias, montadas há quase vinte anos, dentro da Área de Preservação Permanente (APP), sem saneamento básico, distante da cidade, convivendo com a precariedade do transporte público, da água potável e da energia elétrica, situação que se prolonga hodiernamente. As pescadoras conseguem seu sustento da pesca, e sentem na pele as dificuldades oriundas do esquecimento do poder público local. É imprescindível que morem às margens da represa, para que possam continuar exercendo a profissão de pescadoras. Na base do processo de descaso do poder público com a Vila dos Pescadores de Porto Said está a falta de pesquisa e levantamentos de dados sobre as necessidades desta comunidade, de maneira a criar políticas públicas queas beneficiem. Há muitos anos houve a promessa da construção de moradias, o que não aconteceu ainda, apesar de Botucatu ser beneficiada por milhares de casas do programa Minha Casa Minha Vida. As pescadoras são elos fortes na construção desta Vila, do trabalho realizado e na resistência para continuarem a exercer esta profissão.