“…Para construir essa cultura, que tem também de ser inclusiva e igualitária, podemos usar como ponto de partida, motivação e modelo algumas das experiências causadas pela pandemia: por exemplo, a constatação da nossa vulnerabilidade (física, emocional, social, institucional, etc.) (De Coster, 2020; Guy e Arthur, 2020); a consciência das relações de interdependência que nos ligam a outras pessoas (relações tantas vezes invisibilizadas num regime que assume que os sujeitos são autónomos e que o sucesso é individual) (Clavijo, 2020;De Coster, 2020;Dobusch e Kreissl, 2020;Pereira et al, 2020); a compreensão do impacto e importância do corpo e das emoções (e do seu bem-estar) no trabalho científico (Bebiano, 2020;Clavijo, 2020); os laços de solidariedade gerados pela experiência coletiva de adversidade (Boncori, 2020; Matthewman e Huppatz, 2020); a criatividade gerada por uma crise que veio demonstrar que outras práticas e relações são possíveis (Matthewman e Huppatz, 2020); e a consciência da importância que o chamado trabalho doméstico académico (e as pessoas que o fazem) tem no funcionamento das universidades (Motta, 2020). Promover uma ética do cuidado implica, na prática, transformar uma série de práticas e procedimentos, como por exemplo: prioritizing collective rather than individual goals (…).…”