RESUMO Propõe-se o termo “novo regime global de mediação da informação” para abordar as mudanças nas práticas de mediação da informação que ocorrem nas redes digitais. Para tanto, vale-se do contraste entre as formas de mediação da informação estabelecidas no século XX (e vigentes até o início do século XXI) e as novas formas de produção, circulação, mediação e acesso a informação. O principal ponto a ser destacado é a mudança de um perfil de mediação centrado na figura de editores e produtores para uma mediação a princípio lida como “tecnológica” - posto que encarnada por fórmulas matemáticas de algoritmos - mas que é concebida por engenheiros de grandes empresas como Google e Facebook, alimentada pelas informações dos próprios usuários das plataformas e utilizada tanto por empresas para finalidades econômicas quanto por governos em suas agendas políticas. Conclui-se que as mudanças na estrutura sociotécnica do “regime de informação” vigente (conforme autores como Bernd Frohmann e González de Gómez), embora permitam avanços nas mais diversas áreas (educação, saúde, segurança pública, consumo, mobilidade urbana e outros), podem trazer efeitos deletérios para a cultura e para a criatividade humana, principalmente no que se refere à privacidade e ao acesso a um conjunto diversificado de artefatos culturais, científicos e informativos.