O envolvimento cardíaco é uma das manifestações clínicas observadas em pacientes com espondilite anquilosante (EA) e, em geral, decorre do próprio processo inflamatório crônico e esclerosante, embora não seja atribuída diretamente ao conceito das espondiloartrites (EpA). Tradicionalmente, o reconhecimento clínico do problema é tardio e a chance aumenta com o envelhecimento e o maior tempo de doença. A prevalência do envolvimento do coração na EA varia de 6% a 50% e está relacionada ao tipo de metodologia utilizada para investigação, bem como ao perfil clínico de cada coorte estudada. No Brasil, o Registro Brasileiro de Espondiloartrites (RBE) encontrou prevalência de 3% em pouco mais de 960 pacientes com EA. No entanto, é importante ressaltar que a frequência relatada foi de doença cardíaca sintomática e com diagnóstico firmado.
Pode comprometer os três compartimentos do coração: endocárdio, miocárdio e pericárdio, bem como pode envolver os vasos da base, em especial a aorta ascendente. Mais recentemente, têm sido descritos outros achados relacionados às doenças cardiovasculares (DCV) propriamente ditas, especialmente a doença coronariana aterosclerótica, mas também maior taxa de obesidade e síndrome metabólica (SMet) nesses pacientes.