RESUMOEste artigo aborda, numa primeira parte, o conceito de justiça social, a sua origem e a forma como se tem definido na atualidade, bem como algumas técnicas de consulta psicológica que podem conduzir à sua promoção. Seguidamente, centra-se nos pressupostos que atualmente guiam a prática vocacional e que permitem concretizar a justiça social no campo da psicologia vocacional. Tendo em conta que esta é uma abordagem relativamente recente e que existem poucos exemplos da sua implementação, pareceu oportuno fazer um levantamento e referência a alguns casos concretos implementados em Escolas de Ensino Superior nos E.U.A. Termina-se com uma breve análise da realidade escolar portuguesa e com algumas sugestões para a formação das e dos profissionais de psicologia, com base nos casos apresentados e na fundamentação teórica mais relevante.Palavras-chave: justiça social; consulta psicológica vocacional; formação de psicólogos.
ABSTRACTThis article first examines the concept of social justice, its origin and how it is defined today, as well as some counseling psychology techniques that could lead to its promotion. Then, it focuses on the assumptions that guide vocational practice, allowing social justice to take place in the field of vocational psychology. Given that this is a relatively recent approach and examples of its implementation are scarce, it seemed appropriate to explore some specific cases in Schools of Higher Education in the U.S.A. This article ends with a brief analysis of the current Portuguese school system and with some suggestions for the training of professionals in the area of psychology based on the cases presented and the most relevant theoretical approaches.Keywords: social justice; vocational counseling psychology; psychologist's formation.
IntroduçãoCom a entrada no século XXI assiste-se a uma acentuada globalização social, cultural e econômica, que acarreta consigo uma maior facilidade de deslocação das pessoas entre os diferentes países, dando origem uma sociedade cada vez mais multicultural. Por outro lado, assiste-se também a uma cada vez maior disseminação das desigualdades sociais e econômicas. Estas mudanças sociais vieram exigir um olhar diferenciado sobre as necessidades humanas dando origem a novas abordagens teóricas, de investigação e prática nas ciências sociais e humanas, em geral, e na psicologia, em particular. Entre as muitas transformações que ocorrem uma das mais marcantes prende-se com uma nova abordagem epistemológica que se traduz num abandono de questões como a objectividade e a neutralidade, reclamando, em vez disso, um lugar político para estas ciências (Gergen, 1982;Harding, 1986). Para esta mudança epistemológica, vários foram os contributos, entre os quais, se podem destacar os movimentos feministas