Dentre as técnicas disponíveis para tratamento de água para abastecimento humano, pesquisas apontam a filtração em múltiplas etapas (FiME) como alternativa para algumas limitações da filtração lenta pelos tradicionais filtros de areia. Com o objetivo de amortecer picos de cor e turbidez da água afluente, a FiME propõe uma ou mais etapas de filtração antecedentes aos filtros lentos, podendo incorporar materiais não convencionais e resíduos na composição dos leitos filtrantes das suas etapas de filtração, agregando viés ambiental e econômico. Assim, o trabalho avaliou a eficiência do tratamento do sistema de FiME composto por três unidades de filtração ligadas em série, com meios filtrantes compostos por manta não tecida, resíduo de cerâmica vermelha e fibras de coco. O sistema piloto operou sob taxa de filtração de 3 m3/m2 dia ± 10%, em regime intermitente, através de dois Estágios distintos (Estágios 1 e 2). O monitoramento do sistema, associado às análises estatísticas realizadas, não evidenciou diferenças significativas entre os desempenhos alcançados nos dois Estágios. Os pré-filtros apresentaram eficiências médias de remoção de cor aparente de 60% e 46% para os Estágios 1 e 2, respectivamente, ao passo em que a eficiência média de remoção de turbidez alcançada foi de 64% no Estágio 1 e 57% para o Estágio 2, baseando-se, sobretudo, na capacidade de adsorção dos resíduos cerâmicos. A adição das camadas de manta não tecida foi pouco expressiva sobre a eficiência dos filtros, entretanto pôde agregar estabilidade na operação destes, haja vista os baixos Índices de Decaimento da Qualidade da Água (IDQA) alcançados.