Transformação Da Paisagem E Impactos Socioambientais No Bioma Pampa

Abstract

Este artigo aborda questões relativas à singularidade do bioma Pampa no território gaúcho, historicamente excluído do projeto de desenvolvimento alcançado pela metade norte do estado, e que hoje se traduz nos nomes das grandes empresas de celulose e seus latifúndios de plantações de espécies exóticas de pinus, eucalipto e acácia. Objetiva-se questionar a lógica socioambientalmente insustentável destas monoculturas introduzidas na metade sul do estado -ressaltando-se aqui o município de Piratini-descrevendo e analisando os impactos negativos da sua presença sobre as condições naturais e de vida da população local. Tal atividade é hoje usada para inserir os municípios da região em um modelo desenvolvimentista dependente, que agrava ainda mais a crise socioambiental instalada, com a transformação profunda da estrutura da paisagem e a perda de signifi cativo patrimônio natural. A abordagem adotada sugere a quebra desse pensamento único, dando ênfase ao debate em torno de uma mudança de concepção e de racionalidade com relação à qualidade de vida, qualidade ambiental e ao próprio desenvolvimento.

Soil and water losses in eucalyptus plantation and natural forest and determination of the USLE factors at a pilot sub-basin in Rio Grande do Sul, Brazil

“…Considering the scarcity of studies about water erosion in eucalyptus forests in the state of Rio Grande do Sul, which lies under strong pressure of silvicultural activities (Sell;Figueiró, 2012), the survey of scientific data is relevant to strengthen the discussions on the subject. In addition, the field research for the determination of the USLE factors on different soils classes, land uses and climatic conditions in Brazil is very important to the formation of a consistent USLE database, still incipient in Brazil.…”

Expansão e impactos socioambientais da cultura de Eucalyptus spp. (Myrtaceae) no Brasil: um panorama da literatura

“…Os impactos adversos causados pela produção de eucalipto em larga escala vão além de uma transformação visual, pois implica em mudanças socioambientais (Tucci et al, 1997;Larrañaga et al, 2009;Farinaci et al, 2013;Vechi et al, 2018;Baratelli et al, 2020;Rodrigues et al, 2021). À medida que a vegetação nativa e os solos agrícolas são ocupados pela eucaliptocultura, pautado pelo modelo agroexportador baseado no latifúndio monocultor, ocorrem o empobrecimento da biodiversidade local (Zanzini et al, 2017;Rosa et al, 2018;Jacoboski et al, 2019), degradação ambiental e conflitos no meio rural e urbano, culminando no sufocamento da biosociodiversidade local (Santos & Trevisan, 2009;Sell & Figueiró, 2011;Rezende et al, 2013;Baratelli et al, 2020;Medeiros et al, 2020;Gualberto et al, 2021).…”

“…Com isso, várias empresas mantém o discurso de que estão registrando várias espécies da fauna, inclusive ameaçadas de extinção, nas áreas de plantio com árvores pra fins comerciais e auxiliando, dessa forma, na sua proteção e conservação (veja em IBÁ, 2021). Entretanto, tais espécies não eram vistas tão comumente pela região, pois estavam abrigadas em seu habitat natural, não necessitando buscar alimento ou refúgio em áreas antropizadas (Sell et al, 2011).…”

“…A implantação de uma monocultura pautada em um modelo totalmente dependente de fatores externos, desde aquisição de mudas, insumos agrícolas, comercialização e variações em bolsas de valores, não assegura nenhuma melhoria de vida para os trabalhadores locais. Ao contrário, as monoculturas com espécies exóticas em grandes extensões de terra, mantém a estrutura fundiária (com subsídio no latifúndio, desigualdade social e concentração de riqueza) e conduz a sérios conflitos, que tenderão a ser cada vez mais marcantes, seja pelo uso de recursos escassos, pela posse da terra ou, ainda, pela própria perda da identidade sociocultural local (Sell et al, 2011;Baratelli et al, 2020). Os problemas sociais como conflitos gerados por disputa de terras, extrativismo, desmatamento de áreas de conservação e falta de água para abastecer municípios e pequenos produtores também são observados com o crescimento da produção de eucalipto (Nobre et al, 2012;Vechi et al, 2018).…”

On the position of Uruguay in the South American biogeographical puzzle: insights from Ephemeroptera (Insecta)

“…The Pampas are composed of natural grasslands, mainly dominated by Aristida, Stipa, Melica, Poa and others (Emmerich, ), that cover extensive plains in the central region of Argentina, Uruguay and southern Brazil. This landscape has experienced frequent anthropic transformations for crops and pastures (Baldi et al ., ; Sell & Figueiró, ), promoting a peculiar anthrome ( sensu Ellis & Ramankutty, ) characterized by the emergence of an anthropological phenomenon called ‘the gauchos ’. As a result, natural grasslands that have been subject to human transformations have defined our current concept of the Pampas.…”