RESUMO -Racional -Com a escassez de doadores de órgãos e com o aumento da demanda para o transplante de fígado, faz-se necessário aplicação de técnicas cirúrgicas avançadas para viabilização e melhor aproveitamento dos fígados disponíveis, como a chamada técnica da bipartição do fígado, onde de um doador se consegue fazer dois transplantes hepáticos, geralmente um adulto e uma criança. Objetivos -Estudar detalhadamente a distribuição arterial em sua porção extra e intra-hepática e suas implicações na secção regrada do fígado em dois segmentos anatomicamente equivalentes (lobo esquerdo e lobo direito). Material e Métodos -Estudo de 60 fígados provenientes de cadáver fresco, examinando a artéria hepática e suas ramificações, bem como suas variações anatômicas. A secção hepática foi realizada em duas metades: lobo direito e esquerdo. Resultados -O peso total do fígado foi de 1536 ± 361,8 g, do lobo direito 890,3 ± 230,9 g e do esquerdo 649,3 ± 172,6 g. Em 1 (1,6%) caso, o tronco hepático comum, era proveniente da artéria mesentérica superior, e em outro (1,6%), a artéria hepática esquerda era proveniente da aorta abdominal. A artéria hepática direita era proveniente do tronco celíaco em 44 (73,3%) casos, em 15 (25%) era oriunda da artéria mesentérica superior, sendo que em 11 (18,3%) casos era acessória e em 4(6,6%) era dominante. A artéria hepática esquerda era acessória da artéria gástrica esquerda em 2 (3,3%) casos. Em 9 (15%) casos houve trifurcação da artéria hepática própria, originando a artéria hepática média, que ficou assim distribuída: 6 (10%) casos como tronco único para o segmento IV, em 2 (3,3%) casos para o segmento III e 1 (1,6%) para o segmento II. Em 2 (3,3%) casos, ocorreram 2 artérias hepáticas médias que irrigavam o segmento IV. Conclusão -As variações anatômicas da artéria hepática não impediram a secção do parênquima hepático em lobo direito e esquerdo.
DESCRITORES -
INTRODUÇÃONa prática clínica diversos estágios da doença hepática são encontrados e o transplante hepático tem sido aceito como terapêutica definitiva para adultos e crianças em fase terminal das hepatopatias (7) .O transplante de fígado foi introduzido por STARZL et al. (39) e desde então, muitas dificuldades foram superadas (6,9,10,13) , porém a maior limitação para a sua aplicabilidade tem sido a falta de doadores de órgãos (14,27) .O estudo detalhado da anatomia das estruturas do fígado tanto intra, como extra-hepáticas (8,11,12) permitiu, nos últimos anos, o desenvolvimento com sucesso de técnicas alternativas de transplante hepático, como o transplante de fígado reduzido (2,4,32) , o chamado "split-liver" ou bipartição hepática (33) e recentemente o ransplante intervivos (34) .Em particular, na técnica de bipartição do fígado, com um fígado podemos obter dois enxertos (lobo direito e lobo esquerdo hepático), beneficiando, assim, dois receptores, técnica desenvolvida por PILCHLMAYR et al. (33) .A técnica difundiu-se, rapidamente, em diversos centros na Europa e Estados Unidos, diminuindo um pouco a demanda por doadores (17,...