Este artigo teve como objetivo aprofundar os estudos sobre o transtorno de personalidade borderline, do ponto de vista da psicologia analítica, e compreender a dinâmica da psique nos pacientes portadores de tal condição, por meio da ampliação da mitologia africana. A partir do estudo de autores junguianos e pós-junguianos, foi feito um paralelo simbólico do atendimento de pacientes com transtorno de personalidade borderline, por meio dos itãs (histórias) iorubás dos orixás Nanã, Oxalá e Obaluaê, apresentando ainda a ausência paterna de Oxalá e o aspecto guerreiro de Obaluaê. Iemanjá foi trazida como o aspecto materno positivo, da Grande Mãe, sendo ela a figura que acolhe e cuida do filho rejeitado, permitindo a ampliação e a correlação entre as figuras da mãe e do terapeuta. A mitologia africana, diferentemente da grega, pode ser vivida e experienciada, seja na clínica, no centro de umbanda ou no terreiro de candomblé. Apesar de o Brasil ser um país diverso e plural, o preconceito e o racismo sobre as religiões de matrizes africanas permeiam e atravessam a coletividade. Estudar e experenciar os mitos é acessar uma possibilidade de transformação.