Transtornos mentais comuns e fatores associados em trabalhadores de enfermagem de unidades COVID-19

Abstract

RESUMO Objetivo: Analisar as interfaces entre o adoecimento mental, a partir do rastreamento de transtornos mentais comuns, e aspectos sociodemográficos, de saúde e hábitos de vida de trabalhadores de enfermagem de unidades COVID-19. Método: Estudo de métodos mistos, realizado com 327 trabalhadores de enfermagem de unidades COVID-19 de sete hospitais do Brasil, públicos e filantrópicos, de médio e grande porte. A coleta incluiu um questionário sociolaboral, de saúde e hábitos de vida, o Self-Reporting Questionnaire, e entrevistas. Foram aplicados Testes Qui-Quadrado e Exato de Fisher nos dados quantitativos e análise temática de conteúdo, com auxílio do software NVivo nos qualitativos. Resultados: Os transtornos mentais comuns foram rastreados em 35,5% da amostra e se associaram ao sexo feminino (p = 0,004), idade de até 40 anos (p = 0,003), enfermeiro (p = 0,014), relatar doença prévia (p = 0,003), usar psicoativos (p < 0,001), medicamentos que não utilizava antes da pandemia (p < 0,001) e relatar má qualidade do sono/alimentação (p < 0,001). Os impactos da pandemia na vida social e familiar apresentaram interfaces com o adoecimento mental. Conclusão Sugere-se a presença de adoecimento psíquico, possivelmente associado às repercussões da pandemia no trabalho e na vida pessoal.

Qualidade De Vida Do Enfermeiro Em Tempos De Covid-19: Revisão Narrativa

“…Para Caliari et al (2022), há uma lacuna mediante o cenário de pandemia, em relação a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem brasileiros. Para Centenaro et al (2022), os aspectos do processo de trabalho de enfermagem, que contribuíam para o adoecimento mental, revelaram uma exacerbação entre os trabalhadores neste período pandêmico. E reintegra que esses aspectos aliados à carência de publicações sobre TMC e a interface com os profissionais de enfermagem do Brasil atuantes nas unidades de COVID-19, demonstravam a necessidade de pesquisas que evidenciassem a questão, reiterando mobilizar a população frente a ações de promoção e prevenção, para mitigar as condições geradoras dos fatores de adoecimento, com intuito de favorecer e beneficiar os trabalhadores.…”

“…Ao nível global, a categoria de enfermagem representa uma das maiores forças de trabalho no campo da saúde, onde o processo laboral determina características peculiares, que frequentemente tem sido interlaçado ao adoecimento mental, acompanhado por baixa remuneração, complexidade da atuação, precarização das condições de trabalho e as jornadas excessivas com sobrecarga de trabalho (CENTENARO et al, 2022).…”

“…Há uma estimativa de que a prevalência dos TMCs seja entre 24,6% a 45,3% no mundo, e cerca de 28,7% a 50% no Brasil. Estudos recentes, investigam a prevalência de TMC em profissionais de enfermagem no âmbito hospitalar, e demonstra uma instabilidade em torno de 26% a 58%, despertando um alerta em vigilância a saúde (CENTENARO et al, 2022). Oliveira et al (2023), corroboraram com os achados do estudo anterior, através de uma revisão sistemática entre os anos de 1980 até 2013, com uma estimativa de 29,2% da população, de modo em geral.…”

“…Exerce a maior ocupação do tempo na vida quotidiana. Esse mesmo trabalho que conduz ao status, dignidade e reconhecimento, pode propiciar: dor, sofrimento, frustração, desequilíbrio mental e espiritual (QUINELATO et al, 2020;CENTENARO et al, 2022).…”

“…Atualmente, a maior força de trabalho no âmbito da saúde a nível global, com atividades frequentes, marcadas por divisão fragmentada de afazeres, turnos diversos, cargas horárias excessivas com rígida estrutura hierárquica, ritmo acelerado de produção por excesso de tarefas, automação por ações repetitivas, insuficiência de pessoal e material, complexidade das ações executadas e precarização das condições laborais. Visto isso, o processo de trabalho vem apresentando características peculiares atrelados ao adoecimento mental, associado as complexidades da atuação profissional (CENTENARO et al, 2022). Vieira et al (2021), salientaram que o tempo prestado ao autocuidado, laser, familiares e as relações sociais têm apresentado redução entre os profissionais de enfermagem, isso vem sendo analisado devidos a jornada de trabalho prolongada, estruturas físicas inadequadas, escassez no quantitativo de recursos humanos e os riscos ocupacionais aos quais estão expostos, fatores estes que repercutem de forma negativa à saúde.…”